Marçal é acusado por clientes de lavagem cerebral, enganação e cobranças indevidas

Atualizado em 29 de agosto de 2024 às 23:56
Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo. Foto: Renato Pizzutto/Band

Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, e suas empresas são alvo de ao menos 18 processos judiciais movidos por consumidores insatisfeitos com seus produtos e serviços digitais, segundo levantamento da Folha de S.Paulo.

Marçal, conhecido por suas mentorias e cursos que prometem transformação pessoal, é acusado de “enganação”, “lavagem cerebral”, cobranças indevidas e falhas na entrega dos produtos. O empresário afirma ter enriquecido partir de seus cursos e mentorias, pelos quais alega cobrar até R$ 250 mil.

Além dos processos, centenas de reclamações foram registradas em sites destinados a este fim. Em um deles, há mais de 300 relatos críticos à empresa do influenciador.

Um dos cursos mais famosos, o Método IP, custa R$ 20 mil e promete ensinar a “governar a sua mente, vontade e emoções”; “destravar a prosperidade, que é completamente natural”; “criar hábitos desencadeadores de sucesso”; “ressignificar crenças e reprogramar trilhas neurais” e “instalar drives mentais de alto impacto emocional”.

Das 18 ações, seis a empresa de Marçal foi condenada ou houve acordo para ressarcir os consumidores. Outras duas foram julgadas improcedentes e as demais estão em curso ou foram arquivadas por abandono da parte autora.

Um dos processos foi movido por Katia Scalone, que pede a devolução de R$ 85 mil e mais R$ 100 mil por danos morais, alegando serviços não prestados. Ela afirma que adquiriu o Método IP após assistir a uma palestra de Marçal.

“Então um dia na internet conheceu Pablo Marçal que dizia que até para nascer as pessoas precisam dos pais e do médico e ‘até quando estaria tentando fazer tudo sozinha’???”, diz o texto do processo.

Segundo a produtora de eventos, Marçal espatifou no chão um relógio de mais de R$ 1 milhão para convencer as pessoas “que nada tinha a ver com dinheiro”.

Pablo Marçal. Foto: Divulgação

Katia afirma que, depois de ter sido alvo de “verdadeira lavagem cerebral”, “num momento de total envolvimento emocional” com o empresário, decidiu pegar um empréstimo no banco no valor de R$ 75 mil para pagar por outro curso, que acabou custando R$ 79,5 mil.

A produtora de eventos narra que começou a perceber que poderia ter sido ludibriada. “Voltando sua consciência questionou: ‘Como não era apenas dinheiro se já foram logo mostrando a adesão??? Naquele dia participei de um curso sobre montar mentoria e no final Pablo veio vender para gente mais 60 mil reais e aí falei que não tinha mais dinheiro e ele disse que faltava então mais empenho para fazer mais dinheiro!!!’”, afirma a petição.

Ainda segundo o relato, Katia tentou desistir da compra e uma funcionária do setor financeiro orou com ela e tentou desencorajá-la.

Marçal ainda não foi citado nesse caso e, portanto, não apresentou defesa.