No domingo, um grupo de manifestantes encapuzados atacaram a fachada e os arredores do Palácio de La Moneda, a sede da presidência do Chile, durante uma marcha que marcava a véspera do aniversário de 50 anos do golpe de Estado, que colocou o ditador Augusto Pinochet no poder. Esse golpe deu início a uma das ditaduras mais sangrentas da história da América Latina. O presidente chileno, Gabriel Boric, participou de parte da marcha, que reuniu cerca de 5 mil pessoas no centro de Santiago.
Um grupo de vândalos atacou o prédio do governo com pedras e paus, pichou as paredes com spray e derrubou as cercas no entorno do percurso da marcha. Agentes de segurança responderam com gás lacrimogêneo e jatos d’água. Três pessoas foram detidas, e três policiais ficaram feridos, segundo o comunicado do governo.
Mientras Pdte @gabrielboric marcha, a metros destrozaron vidrios del Palacio de La Moneda, rayan y vandalizan el Centro Cultural. Descontrol total. Triste e indignante a la vez, porque los informes advertían lo que podía pasar. pic.twitter.com/AWZQywSLmq
— Karla Rubilar Barahona (@KarlaEnAccion) September 10, 2023
O presidente Boric condenou veementemente esses atos em suas redes sociais e fez referência ao presidente deposto pelo golpe de 1973, Salvador Allende, cuja morte é atribuída ao suicídio, enquanto o próprio exército atacava a sede 50 anos atrás. “A irracionalidade de atacar aquilo pelo que Allende e tantos outros democratas lutaram é vil e mesquinha”, disse.
Durante a marcha, também aconteceram confrontos entre policiais e manifestantes, com pedras e coquetéis molotov lançados e barricadas incendiadas. No entanto, a maioria dos participantes da caminhada se manifestou pacificamente, levando bandeiras chilenas, de partidos de esquerda e faixas com mensagens como “Verdade e justiça agora” e “Allende vive.”
Así fue el ataque a La Moneda. Terroristas de la primera línea y dirigidos por la izquierda atentan contra la propiedad y privada en marcha encabezada por Gabriel Boric pic.twitter.com/pVqD2cNJdd
— Emilia ?? (@camilaemiliasv) September 10, 2023
O aniversário do golpe coincide com um período de crescente tensão política no Chile, com a ascensão da extrema-direita e a disseminação de visões revisionistas sobre a ditadura. Uma pesquisa recente mostrou que apenas 42% dos chilenos consideram que Pinochet destruiu a democracia do país, em contraste com números mais altos em décadas anteriores.
Na última quinta-feira (6), Boric e quatro ex-presidentes chilenos assinaram um compromisso pela defesa da “democracia das ameaças autoritárias”, mas partidos de direita não aderiram ao movimento. O presidente, aos 37 anos, enfrenta desafios em seu governo, incluindo a baixa popularidade e questões relacionadas à tentativa de instaurar uma nova constituição no país.
? #AHORA | Ex vocero de la Lista del Pueblo culpa a Boric del desastre que se vive en la marcha frente a La Moneda: “Este es un gobierno concha de su madre”, señaló Rafael Montecinos. pic.twitter.com/7rMzf0LOee
— El Nacional Diario ? (@ElNacional_CL) September 10, 2023