Marcha em memória de 50 anos do golpe termina com palácio vandalizado no Chile

Atualizado em 10 de setembro de 2023 às 18:43
Vidros do Palácio de La Moneda, no Chile, destruídos após protestos neste domingo (10). Foto: reprodução

No domingo, um grupo de manifestantes encapuzados atacaram a fachada e os arredores do Palácio de La Moneda, a sede da presidência do Chile, durante uma marcha que marcava a véspera do aniversário de 50 anos do golpe de Estado, que colocou o ditador Augusto Pinochet no poder. Esse golpe deu início a uma das ditaduras mais sangrentas da história da América Latina. O presidente chileno, Gabriel Boric, participou de parte da marcha, que reuniu cerca de 5 mil pessoas no centro de Santiago.

Um grupo de vândalos atacou o prédio do governo com pedras e paus, pichou as paredes com spray e derrubou as cercas no entorno do percurso da marcha. Agentes de segurança responderam com gás lacrimogêneo e jatos d’água. Três pessoas foram detidas, e três policiais ficaram feridos, segundo o comunicado do governo.

O presidente Boric condenou veementemente esses atos em suas redes sociais e fez referência ao presidente deposto pelo golpe de 1973, Salvador Allende, cuja morte é atribuída ao suicídio, enquanto o próprio exército atacava a sede 50 anos atrás. “A irracionalidade de atacar aquilo pelo que Allende e tantos outros democratas lutaram é vil e mesquinha”, disse.

Durante a marcha, também aconteceram confrontos entre policiais e manifestantes, com pedras e coquetéis molotov lançados e barricadas incendiadas. No entanto, a maioria dos participantes da caminhada se manifestou pacificamente, levando bandeiras chilenas, de partidos de esquerda e faixas com mensagens como “Verdade e justiça agora” e “Allende vive.”

O aniversário do golpe coincide com um período de crescente tensão política no Chile, com a ascensão da extrema-direita e a disseminação de visões revisionistas sobre a ditadura. Uma pesquisa recente mostrou que apenas 42% dos chilenos consideram que Pinochet destruiu a democracia do país, em contraste com números mais altos em décadas anteriores.

Na última quinta-feira (6), Boric e quatro ex-presidentes chilenos assinaram um compromisso pela defesa da “democracia das ameaças autoritárias”, mas partidos de direita não aderiram ao movimento. O presidente, aos 37 anos, enfrenta desafios em seu governo, incluindo a baixa popularidade e questões relacionadas à tentativa de instaurar uma nova constituição no país.

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