O senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES), que se apresenta como “ex-agente da Swat”, uma polícia de elite dos Estados Unidos, é alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF) por, supostamente, usar sua imunidade parlamentar para incentivar uma adolescente a participar de uma campanha de intimidação contra delegados federais envolvidos em investigações sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF aponta indícios de crimes como obstrução de investigação e corrupção de menores. A investigação faz parte do inquérito que levou à suspensão da rede social X, antigo Twitter, no Brasil, após a plataforma descumprir ordens judiciais.
Além de Do Val, outros seis indivíduos tiveram perfis bloqueados por difundir dados privados de delegados e fomentar ataques coordenados por Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista foragido nos Estados Unidos. Segundo o relatório da PF, o senador teria papel ativo nessas ações.
De acordo com a representação da PF enviada ao STF, “o senador Marcos Ribeiro do Val se vale de sua imunidade parlamentar para praticar condutas de intimidação e embaraço contra servidores da Polícia Federal”.
A investigação também indica que ele induziu uma adolescente de 16 anos a colaborar com a divulgação de informações pessoais de delegados federais, o que, segundo a PF, configura o crime de corrupção de menores. A jovem é filha de Oswaldo Eustáquio, outro blogueiro bolsonarista, também foragido, mas na Europa.
As ações de intimidação contra o delegado federal Fabio Shor incluíram o vazamento de dados pessoais e uma foto do filho do agente. Em um dos incidentes mais graves, um macaco de pelúcia foi pendurado no carro do delegado, indicando que os autores do crime tinham conhecimento de sua residência. O senador também repostou vídeos e mensagens nas redes sociais com ataques direcionados a Shor, ampliando o alcance das ameaças.
Em junho, Do Val teria se encontrado com Allan dos Santos nos Estados Unidos e anunciado que possuía uma lista de policiais federais envolvidos em operações a mando de Moraes. Ele afirmou que esses policiais teriam cumprido ordens ilegais e sugeriu que poderiam ser condenados a até 22 anos de prisão.
“Reunimos os nomes de todos os policiais que atuaram de forma ilegal ao cumprir ordens de prisão, busca e apreensão”, escreveu o senador em uma rede social, destacando que esses agentes “responderiam pelos seus atos”.
As ações do grupo seguem a metodologia das “milícias digitais”, segundo a PF, com o objetivo de intimidar e expor policiais federais. O foco, nesse caso, é causar embaraço e dificultar o trabalho da Justiça. A PF alerta que o esquema compromete o Sistema de Justiça Criminal ao intimidar agentes públicos e desestimular o cumprimento de ordens judiciais.
As ações de Marcos do Val ganharam destaque após suas redes sociais, bloqueadas por 11 meses, terem sido liberadas por Moraes em maio deste ano. Porém, após novas publicações em junho, o parlamentar teve seus bens e contas bancárias bloqueados em agosto, o que gerou uma nova punição do STF. Do Val recorreu, e Moraes permitiu que ele recebesse até 30% de seu salário.
Recentemente, o senador tem afirmado ser vítima de censura e alega que suas postagens estão protegidas pela imunidade parlamentar. Ele também se refugiou no Senado, onde está acampado, afirmando que recebe ameaças de morte e que esse é o único lugar onde se sente seguro.
Em pronunciamento no Senado, nesta terça-feira (17), Do Val negou envolvimento com as acusações e criticou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Ele afirmou que nunca divulgou fotos da família do delegado Fabio Shor e pediu uma retratação formal. “Eu nunca cometi tal ato e, em resposta, enviei um ofício formal exigindo uma retratação”, declarou o senador, defendendo sua inocência.
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