Por mais boa vontade que se tenha com Marina Silva, é quase impossível tampar o nariz diante da picaretagem que transborda de uma em cada duas declarações suas.
Marina finge que não é candidata em 2018. Em nome dessa impostura, comete suas proverbiais acrobacias verbais (o herdeiro desse estilo é o cantor Criollo, aliás).
Numa entrevista a Sonia Racy no Estadão, ela conta que “a discussão sobre candidaturas vai ser feita em 2018. A Rede tem uma expectativa, claro, de candidatura própria. Nesse sentido, está dialogando com outros partidos”.
Mas o melhor trecho é este:
Nós estamos perto de um caos político, ético e social. O senhora vê algum túnel, mesmo sem luz, para o País sair da escuridão?
A grande vantagem do ser humano é que ele tem a capacidade de, quando não existir túnel, usar o seu próprio corpo e sua mente para construir um. Neste momento, talvez o grande problema de não se ver luz nem túnel seja porque a maioria dos que deveriam acreditar na força da sociedade para criar esse túnel simplesmente não consegue entregar a tarefa.
Para ela, “não se chega no túnel apostando nos atalhos. O que vemos é um atalho atrás do outro para que os mesmos permaneçam no poder”.
Marina foi vereadora em Rio Branco, deputada estadual, senadora e ex-ministra no governo Lula — e ainda assim se vende como uma outsider.
É contra atalhos, mas defende que Lula fique inelegível. “A condenação mostra o amadurecimento das instituições democráticas e que ninguém está acima da lei e da constituição”, escreveu no Twitter.
Detona o caixa 2, mas encontrou-se com Marcelo Odebrecht num hotel perto do aeroporto de Guarulhos em 2014, quando discutiu “valores culturais” para sua campanha.
Apoiou Aécio Neves dizendo que não estava “fazendo nenhum acordo ou aliança para governar. O que me move é a minha consciência, e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas”.
Há malas que vão para o trem.