A recente delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid aponta para a participação de almirantes de alto escalão em reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que teriam ocorridas após a derrota nas eleições de 2022, e que a pauta era a discussão de um golpe militar. Sete dos oito almirantes do Comando da Marinha na época das supostas reuniões já ocupavam seus cargos no final do governo Bolsonaro.
A alegação central é que o então chefe da Força, almirante Almir Garnier, teria concordado com um plano golpista nos bastidores. Além dele, seis representantes continuam na ativa, representando cerca de 90% da cúpula da Marinha. Na delação, Cid também mencionou que o ex-comandante da Marinha, Garnier, teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro para o golpe.
O único almirante que assumiu um posto em 2023 foi Eduardo Machado Vazquez, como secretário-geral da Marinha. A nomeação foi publicada em abril, quando ele já era descrito em reportagens como um militar bolsonarista.
Ao fim de 2022, o Comando da Marinha era formado por Garnier, o então comandante; Marcos Sampaio Olsen, o atual comandante; José Augusto Vieira da Cunha de Menezes; Petronio Augusto Siqueira de Aguiar; Wladmilson Borges de Aguiar; Cláudio Henrique Mello de Almeida; Arthur Fernando Bettega Corrêa; e Carlos Chagas Vianna Braga. No entanto, as investigações ainda não encontraram participação de outro almirante por trás dos planos golpistas.
O ministro da Defesa, José Múcio, tentou distanciar a atual cúpula da Força dessas suspeitas, afirmando que as alegações se referem ao governo anterior e aos comandantes passados. No entanto, as implicações dessas revelações ainda levantam questões importantes sobre a continuidade da liderança militar na Marinha.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) vai pedir a quebra de sigilo telemático do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha citado na delação de Mauro Cid. Relatora da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, ela também quer que o militar preste depoimento ao colegiado. A informação é do UOL.
“Diante dos fatos de hoje, a presença do almirante passa a ser fundamental”, afirmou a senadora. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro disse à Polícia Federal que Garnier foi consultado pelo ex-presidente sobre participar ou não de um golpe de Estado e sinalizou que sim.