O coronel Mauro Cid é um fenômeno como ajudante de ordens de um criminoso. Tentou fraudar o cartão de vacina de Bolsonaro, tentou resgatar joias contrabandeadas de Bolsonaro, tentou vender um relógio recebido de presente por Bolsonaro e tentou dar um golpe em nome de Bolsonaro.
Ninguém antes tentou tanta coisa como ocupante de cargo auxiliar do poder em Brasília. E ninguém pode ter fracassado tanto quanto Mauro Cid.
Se for confirmado que ele não conseguiu vender o Rolex por US$ 60 mil, o coronel terá sido um desastre em todas as missões recebidas.
As joias contrabandeadas não foram resgatadas, a fraude da vacina foi descoberta e o golpe não deu certo.
Mauro Cid só teve êxito como gestor eficiente dos pagamentos das continhas de Michelle Bolsonaro.
Só que Mauro Cid foi o que sabiam que era. O coronel era apenas o ajudante de um tenente que montou uma quadrilha no governo.
Cid era somente o operador das determinações de Bolsonaro, com desprendimento para atuar em todas as frentes.
Nunca antes as Forças Armadas tiveram um Mauro Cid. Por mais que procurem, não encontrarão nenhum outro oficial subserviente a tantas ordens, a maioria criminosas, mesmo que vender Rolex das arábias não venha a ser um delito.
A tentativa de venda do relógio é só um acréscimo à degradação moral consumada. Um coronel do Exército, pronto para chegar ao generalato, era o operador de um chefão que mobilizava a família, o seu entorno miliciano e os militares para seus crimes.
Ma Mauro Cid é parte da criadagem na estrutura criminosa de Bolsonaro, o guri de recados, o resolvedor de problemas, o mandalete com estrelas nos ombros.
Nunca antes as Forças Armadas foram tão desmoralizadas pelas ações subalternas de um integrante do Exército ainda na ativa.
Cid é filho de general. É considerado um oficial brilhante, com base no que os militares consideram brilho, e estava com Bolsonaro a mando dos generais.
Ele mesmo disse na CPI do Golpe que trabalhava como ajudante pessoal do presidente por escolha dos comandantes, sendo o seu cargo o único em que o ocupante era designado por escolha exclusiva dos generais.
Não era uma escolha por vontade de Bolsonaro, mas dos militares. E ressaltou: o único cargo com essa particularidade entre os todos os de auxiliares diretos da presidência. Essa foi a sua frase categórica e esclarecedora:
“O ajudante de ordens é a única função pessoal do presidente que não é de sua escolha”.
Cid deixou claro que sua missão, como ajudante, era uma missão militar, com aval e com respaldo dos militares. Ele era produto da escolha dos chefes fardados. Seu vinculo formal se dava com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Em que outra missão militar o coronel Mauro Cid teve êxito? Como ajudador de Bolsonaro, ele foi um militar fracassado. Tudo o que fez deu errado, já como empregado do sujeito.
Por fidelidade, total submissão ou incompetência, talvez venha a assumir sozinho todos os crimes que cometeu sob as ordens do chefão e para bajular o chefão.
Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes.