Mauro Vieira diz que falas de Israel sobre Lula são “inaceitáveis” e “mentirosas”

Atualizado em 20 de fevereiro de 2024 às 21:12
Mauro Vieira falando em microfone com expressão séria
O chanceler Mauro Vieira – Reprodução/Agência Brasil

O chanceler Mauro Vieira, do Itamaraty, expressou forte descontentamento com as declarações recentes do governo israelense, durante sua saída da Marina da Glória, local de reuniões do G20 no Rio de Janeiro. A crise envolve críticas consideradas inaceitáveis e mentirosas em relação ao presidente Lula (PT), gerando indignação por parte das autoridades brasileiras.

Vieira classificou as manifestações do governo israelense como inaceitáveis na forma e mentirosas no conteúdo. Ele enfatizou a gravidade de uma chancelaria utilizar linguagem chula e irresponsável ao dirigir-se a um chefe de Estado de um país amigo, criticando a recorrência à distorção de declarações e mentiras e considerando tal comportamento ofensivo e grave para a história da diplomacia de Israel.

“Manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma e mentirosas no conteúdo. Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante”, disse o chanceler. “Uma chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso a linguagem chula e irresponsável”.

Para Vieira, a atitude não teria adesão dos israelenses: “Estou seguro de que a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim”.

“Nossa amizade com o povo israelense remonta à formação daquele Estado, e sobreviverá aos ataques do titular da chancelaria de Netanyahu. O ministro Israel Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica. Enquanto atacou o nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador em Tel Aviv, afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário”, seguiu ele.

Em sua avaliação, Vieira sugeriu que Katz queira criar uma cortina de fumaça: “Além de tentar semear divisões, busca aumentar sua visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de fumaça que encubra o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil civis palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva”.

“Isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas deliberações em andamento na Corte Internacional de Justiça. É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Não entraremos nesse jogo. E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É disso que se trata”, observou.

O chanceler ainda anunciou que nenhuma resposta irá além das regras da diplomacia: “O embaixador de Israel em Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber, agora e sempre”.

A crise teve início após as declarações de Lula, que comparou a atuação israelense na guerra contra o Hamas a ações semelhantes às praticadas por Hitler com os judeus. O ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, ao Museu do Holocausto. A situação se intensificou com acusações no Twitter, onde Israel acusou Lula de negacionismo do Holocausto.

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