Para obter votos, nomes ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) e ao deputado Arthur do Val, o “Mamãe Falei“, estariam burlando as eleições para conselheiros do Conselho do Parque Ibirapuera. As eleições unificadas para conselhos gestores dos parques municipais ocorrem de modo online entre 14 e 20 de março.
Membros do movimento estão pedindo para que pessoas de fora de São Paulo utilizem um CEP do bairro de Higienópolis para se cadastrarem como eleitores e, assim, votarem em Amanda Vettorazo, Adelaide Oliveira e Ian Garcez.
O pedido foi registrado em um print a qual o DCM teve acesso na manhã deste sábado (19) e relata um diálogo entre “Ben”, a partir de um número de São Paulo” e Erik Zannon, líder do movimento no Espírito Santo.
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MBL disputa assentos no Conselho do Ibirapuera
Na última quarta-feira (16), o DCM já havia divulgado que o o MBL disputa vagas no Conselho do Ibirapuera. Dos 18 candidatos a ocupar uma vaga representativa, ao menos seis estão ligados ao MBL ou ao deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei.
Entre os candidatos, no entanto, apenas Guto Zaccarias teria informado, em sua carta de intenção, a relação com o movimento.
“Guto Zacarias tem 22 anos, é estudante de economia, membro do MBL e assessor parlamentar do Arthur Mamãe Falei. Com mais de 100 mil seguidores nas redes sociais, é tido como um dos quadros da mais nova geração da política. No conselho, quero levar as ideias da juventude para dentro de um dos maiores parques do mundo!”, escreveu.
Já Amanda Vettorazzo, líder do MBL, se identifica apenas como “graduada em Gestão Pública” e “voluntária na causa animal há mais de 10 anos”.
Empresa gestora do Ibirapuera foi implicada na Lava Jato
Chama atenção o interesse dos candidatos, considerando a competência de fiscalização atribuída ao conselho pela Lei 15.910, de 2013. Em 2020, uma polêmica envolveu a gestão do parque depois que membros do Conselho Gestor do Parque ficaram de fora de uma comissão permanente de fiscalização.
Desde 20 de outubro de 2020, o Ibirapuera é gerido pela empresa Construcap, que venceu um processo de concessão por 35 anos. A empresa também administra outros cinco parques da capital paulista. Na ocasião, as denúncias apontavam para a falta de publicização dos atos administrativos relativos ao parque desde a sua privatização.
A construtora está entre as empresas implicadas pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, no âmbito da Lava Jato. Moro condenou o então presidente da empreiteira, Roberto Ribeiro Capobianco, a 12 anos de prisão.
Delator da Lava Jato, Capobianco havia sido detido durante a investigação de supostas irregularidades na reforma do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, mas teve sua sentença anulada pelo Tribunal Regional da 4ª Região em agosto de 2020.
Na denúncia apresentada por Deltan Dallagnol, a Construcap estaria entre as “maiores empreiteiras” do país que, por meio de um “gigantesco cartel”, teriam loteado as obras para Petrobras.