Publicado originalmente no site da Rede Brasil Atual (RBA)
“Eu digo sempre: Lula é digno de um julgamento justo.” A afirmação é do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, da Band. O magistrado comentou também sobre as novas conversas reveladas, na segunda-feira (1º), entre o ex-juiz federal Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Embora com a ressalva de que o material deve ser analisado com cuidado, Gilmar disse que causa preocupação, porque parece revelar que Moro agia como se “fosse chefe do grupo de procuradores”.
“Moro assume posição de chefe do grupo da força-tarefa, Dallagnol faz consultas sobre como deveria proceder, manda informações e eles combinam ações”, continuou Gilmar. “A não ser – e vamos dar o benefício da dúvida – que o que está escrito seja uma peça ficcional”, ironizou. “Se os diálogos forem angelicais, não haverá problema. Infelizmente, os diálogos não são de anjos.”
O ministro é um dos membros da Segunda Turma do STF, que vai julgar a suspeição do Moro, provavelmente neste semestre. Se a suspeição do ex-juiz for declarada, a condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá será anulada. Os outros ministros da Turma são Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Nunes Marques.
Segundo o advogado criminalista José Carlos Portella Junior, a série de violações cometidas pela Lava Jato é um “caso pedagógico de desrespeito à Constituição Federal”. De acordo com ele, a Lava Jato influenciará negativamente em futuras operações de combate à corrupção, instaurando um olhar de suspeita.