Quem é a médica bolsonarista que tratou mãe de Luciano Hang com ozonioterapia na Prevent Senior

Atualizado em 24 de setembro de 2021 às 11:39
Maria Emilia Gadelha Serra e Jair Bolsonaro

A médica Maria Emília Gadelha Serra foi a responsável pelo “tratamento precoce”, por meio da Prevent Senior, de duas pessoas que morreram de Covid-19.

Presidente da Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica (SOBOM), ela realizou o controverso procedimento que envolve a aplicação de ozônio via retal em Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang, que morreu em 3 de fevereiro.

Serra usou o mesmo método para tratar o médico Anthony Wong, conhecido negacionista próximo do governo Bolsonaro que também faleceu.

É o que diz o dossiê, entregue à CPI, elaborado por 15 médicos que afirmam ter trabalhado para a Prevent Senior.

A declaração de óbito das duas vítimas teriam sido fraudadas pela empresa para esconder que a causa foi a Covid-19.

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Além de coordenar a principal organização que promove ozonioterapia no país, Maria Emília é também ligada à Associação Brasileira de Vítimas de Vacinas (Abravac), entidade que espalha desinformação sobre os imunizantes.

Como já era de se esperar, a médica é bolsonarista e cidadã de bem.

Nas redes sociais, ela aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro e em manifestações contra o passaporte sanitário.

Um post de dezembro de 2020 mostra a doutora num restaurante em Brasília ao lado da deputada bolsonarista Bia Kicis e da oncologista Nise Yamaguchi.

Yamaguchi é acusada de ser uma das principais articuladoras do chamado ministério paralelo da Saúde na pandemia.

Maria Emília Gadelha Serra janta com Bia Kicis e Nise Yamaguchi.
Foto: Instagram

Em 22 de julho deste ano, ela se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Planalto e disse que foi um “dia histórico”.

“Dia histórico! Reunião com nosso presidente sobre importantes questões de saúde pública e preservação de direitos humanos fundamentais e liberdades civis”, disse a médica na publicação.

Na ocasião, ela entregou ao mandatário um documento de 15 páginas sobre “riscos” das vacinas.

O material classificava os imunizantes como “produtos experimentais injetáveis”.

Maria Emília se reúne com Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Foto: Instagram

Maria Emília marcou presença nos atos golpistas de 7 de setembro, onde pediu que não seja aprovado o passaporte sanitário – comprovante individual de que a pessoa tomou vacina contra a Covid-19 e/ou testou negativo para a doença.

“Não ao passaporte comunista”, dizia um cartaz erguido por ela na manifestação na Avenida Paulista.

Maria Emília Gadelha Serra em ato bolsonarista na Paulista.
Foto: Instagram

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As declarações negacionistas da médica já foram desmentidas diversas vezes por jornais e agências de checagem de notícias.

Um vídeo que circulou nas redes bolsonaristas trazia Serra dizendo, numa entrevista, que “a maioria dos casos graves hoje em dia são de vacinados no Brasil”.

agência Lupa mostrou que as pessoas totalmente imunizadas representam a minoria, e não a maioria dos casos de Covid-19.

Em outro vídeo que viralizou no TikTok, ela declarou que as vacinas contra o coronavírus são “experimentais”.

Band e o Estadão logo desmentiram a negacionista, ressaltando que todas os imunizantes utilizados no Brasil foram autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após terem eficácia e segurança comprovadas.

O YouTube retirou do ar uma entrevista que Serra concedeu à emissora bolsonarista Jovem Pan, em que ela informava que protocolou na Procuradoria-Geral da República (PGR) um documento para barrar a obrigatoriedade do passaporte sanitário.