Médico de Santa Maria (RS) diz em programa de rádio que “há concordância no ato do estupro”

Atualizado em 28 de abril de 2023 às 20:54
O médico Eduardo Rolim no programa do Diário de Santa Maria (RS)

O médico Eduardo Rolim, da cidade de Santa Maria (RS), protagonizou uma cena constrangedora na quinta (27), durante o programa “Sala de Debate”, da Rádio CDN e TV Diário.

O tema era o “caso Cuca”, ex- treinador do Corinthians, condenado por estupro de uma menina de 13 anos em Berna, na Suiça.

Rolim se manifestou usando argumentos supostamente “científicos”, já antecipando que sua opinião era “políticamente incorreta”. Segundo ele, existe um músculo “poderíssimo” chamado adutor, que está localizado na parte interna da coxa e que teriam a função principal de “fechar as pernas”. É o “custodio virginitatis”, em latim.

https://youtu.be/UaQaBA8fwi4

“Esse músculo é conhecido como o guardião da virgindade. Porque a força de um homem não consegue abrir as pernas de uma mulher que esteja contraída. Falo isso para dizer que muitas vezes o estupro é consentido”, disse, gerando visível constrangimento na única mulher que participava do debate, a advogada Ingrid Hardok.

Não houve uma contraposição dos demais debatedores do programa — pelo contrário, o silêncio reinou no ambiente. O âncora do programa, Claudemir Pereira, se manifestou dizendo apenas que os comentários do médico estavam desagradando algumas pessoas.

A fala de Rolim teve repercussão na cidade, obrigando a emissora a se manifestar. A nota, como era de se esperar, ressalta a liberdade de opinião dos debatedores e alega que não é uma opinião da emissora:

“Gostaríamos de deixar claro que a opinião do doutor Eduardo Rolim é uma opinião do debatedor. É longe disso a opinião do nosso programa. Ao contrário, nós temos quase 21 anos de história de espaço democrático, em que todos os debatedores sempre falaram o que quiseram, inclusive ele próprio, que seguidamente reclamou de censura no próprio programa, mas sempre pôde falar o que quis no ar. ”

Também faziam parte da mesa de debate o administrador Ruy Giffoni, advogado Giorgio Forgiarini, professor e cientista jurídico Mauro Cervi e o advogado criminalista e professor Leonardo Santiago. Todos eles ficaram calados diante da barbaridade.