Na última quarta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou o Conselho Federal de Medicina e voltou a espalhar seu negacionismo científico. A visita não foi bem vistas por médicos, que nesta sexta-feira (29) lançaram um manifesto e um abaixo-assinado contra a entidade. O documento já conta com cerca de 4 mil assinaturas.
O manifesto critica a direção do conselho por apoiar as declarações anticientíficas feitas pelo chefe do Executivo principalmente durante a pandemia de Covid-19. O manifesto tem o título “Este CFM não nos representa”.
Durante o encontro, Bolsonaro voltou a defender o uso de medicamentos ineficazes como a cloroquina e ainda afirmou que não se vacinou, aproveitando para ironizar a ação dos senadores que comandaram a CPI da Pandemia. Os médicos alertam no manifesto que “normas éticas e evidências científicas” deveriam ser seguidas “pelos órgãos da classe e sociedades representativas”.
Destacam também estarem cientes “incrédulos e envergonhados” e que estão cientes de que Bolsonaro “explicitamente e diante de dezenas de médicos ridicularizou a pandemia e desprezou todos os que com ela perderam a vida, criticou as normas éticas e valores científicos da medicina e chegou ao cúmulo de se vangloriar de não ter sido vacinado contra Covid-19 e estar vivo”.
“Acompanhamos estarrecidos uma parte da categoria médica que ignora os efeitos das ações nefastas do atual governo federal, que provocaram agravamento da pandemia, aumento da fome e reduziram as perspectivas de futuro para grande parte dos brasileiros e brasileiras, com impacto significativo para população mais vulnerável. O mesmo governo que reiteradamente atenta contra as instituições e a democracia”, continuam os médicos.
“É importante dizer à sociedade civil que muitos médicos e médicas desse país veementemente reprovam o que ocorreu nessa solenidade festiva em que aplausos e sorrisos ignoraram o enorme sofrimento do povo brasileiro. Por isso defendemos o resgate do CFM como órgão em defesa da ética, da vida e dos preceitos científicos. Que represente verdadeiramente a categoria médica e a sociedade”, conclui o manifesto.