Médicos são investigados por fake news sobre câncer de mama: “Não existe”

Atualizado em 30 de outubro de 2024 às 12:53
Lana Tiani Almeida e Lucas Ferreira Mattos, médicos investigados por fake news sobre câncer de mama. Foto: Reprodução

Dois médicos foram denunciados e estão sendo investigados por Conselhos Regionais de Medicina por dizerem que câncer de mama “não existe” e que a mamografia causaria a doença. Eles foram denunciados por entidades da classe e as declarações são consideradas falsas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A médica Lana Tiani Almeida da Silva, que tem inscrição no conselho de medicina do Pará e não possui especialização, gravou um vídeo nas redes pedindo que seus seguidores “esqueçam mamografia” e negando a existência da doença.

“Esqueça Outubro Rosa. Câncer de mama não existe. Sou a doutora Lana Almeida, médica integrativa, especialista em mastologia e ultrassonografia das mamas. Por isso venho falar para vocês que câncer de mama não existe. Então esqueçam Outubro Rosa. Esqueçam mamografia”, afirma.

O Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) afirmou que “tomou conhecimento da postagem no Instagram da Dra. Lana Almeida, devidamente inscrita neste CRM, nesta terça-feira (29), e o fato já está sendo apurado por este Regional”.

O segundo médico investigado é Lucas Ferreira Mattos, que tem registro em São Paulo e Minas Gerais. Ele, que conta com mais de 1,2 milhão de seguidores apenas no Instagram e não possui especialidade registrada no Conselho Federal de Medicina (CFM), espalhou fake news sobre a doença ao responder perguntas na rede social.

Uma seguidora afirmou que teria dois cistos nos seios e estaria fazendo acompanhamento, mas pediu dicas do que fazer. Em resposta, ele afirmou:

“Ficar fazendo mamografia? Uma mamografia gera uma radiação para a mama equivalente a 200 raios-X. Isso aumenta a incidência de câncer de mama, por excesso de mamografia. Tenho 100% de certeza que o seu nódulo benigno é deficiência de iodo”.

O vídeo foi encaminhado ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que afirmou que “está investigando o caso em questão”. A instituição não deu mais detalhes e afirmou que a apuração tramita sob sigilo.

A doença é o tipo de câncer mais frequente na população feminina do Brasil, com 73.610 novos casos por ano entre 2023 e 2025, além de causar ao menos 19.130 mortes em 2022. O Inca afirma que as duas publicações feitas pelos médicos “podem ser consideradas fake news”.

A Sociedade Brasileira de Mastologia disse estar preocupada com o número de notícias falsas sobre o tratamento e a prevenção do câncer de mama. “As redes sociais possuem inúmeros perfis de pessoas que se dizem médicas ou profissionais de saúde que fazem afirmações sensacionalistas e mentirosas sobre o assunto”, afirma a entidade.

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