Houve uma divergência no depoimento do ex-ministro da Justiça do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, em relação às declarações prestadas na investigação por dois de seus principais subordinados na pasta. A informação é do Jornal O Globo.
Torres disse não ter determinado que a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuassem juntas durante o segundo turno das últimas eleições. Já o delegado Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, ex-secretário do Operações Integradas (Seopi), e a delegada Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência da Seopi, afirmaram haver ordem expressa para a atuação das duas corporações.
Segundo investigadores do inquérito, a contradição é tida como determinante para esclarecer como foi planejada e executada a ação que supostamente dificultou a movimentação de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na segunda etapa do pleito.
“QUE o declarante não solicitou que a PF trabalhasse de forma conjunta com a PRF, mas sim que, visando aumentar a capilaridade da atuação das forças federais, o declarante e o DPF MARCIO sugeriram que nas cidades nas quais a PF não conseguisse atender, fosse solicitado que a PRF o fizesse; QUE não houve uma resposta se tal sugestão seria acatada; QUE ressalta que não houve determinação para que uma instituição exercesse a atribuição da outra”, destacou Torres em depoimento à PF.
Entretanto, no depoimento Carrijo, o delegado contrariou a versão apresentada pelo bolsonarista. “QUE afirma que houve determinação do ex-MJSP ANDERSON TORRES para que ocorresse uma atuação conjunta da PF e PRF no segundo turno das eleições, o que, porém, não ocorreu”, afirmou.
No caso de Marília Ferreira, a delegada endossou a declaração de Carrijo, seu colega de pasta: QUE houve uma reunião (…) em que o MJSP sugeriu uma atuação conjunta da PF com a PRF nas eleições, sendo que a atuação não chegou a ocorrer, pois os próprios dirigentes das instituições sabiam que não era viável”, disse.