Mercadante ao DCM: Bolsonaro se expressou como um terraplanista sanitário

Atualizado em 25 de março de 2020 às 14:33

Em entrevista ao programa DCM no meio do dia desta quarta-feira (25/3), o ex-ministro Aloizio Mercadante disse que o presidente Jair Bolsonaro se expressou como um terraplanista sanitária durante seu pronunciamento à nação em rede nacional. “Ele negou a evidência científica e orientação da medicina. Ele afrontou a ONU, que pediu um esforço de todos os países para combater a pandemia e a Organização Mundial da Saúde. Afrontou a recomendação que já está em mais de 150 países, das crianças não terem atividades para não se contaminarem e para não contaminarem os pais e os avós, que são os grupos mais vulneráveis”, afirmou.

Mercadante também acusou o governo Bolsonaro de não ter se preparado, de insistir em subestimar a pandemia do novo coronavírus e de não ter tomado providência alguma desde a crise ter começado na China. “Era evidente que nós teríamos uma epidemia e eles não ampliaram os leitos dos SUS. Ao contrário, essa Emenda 95, que nós cansamos de denúnciar, retirou R$ 22 bilhões do SUS. Então, faltam leitos, faltam ventiladores, não compraram testes de diagnóstico”, explicou.

Durante a participação no programa, o ex-ministro voltou a defender a proposta econômica do PT para enfrentamento da crise. “Como você pega uma multidão de pessoas e manda pra casa sem um seguro quarentana? Você tem que garantir um salário mínimo, é o que o PT tem colocado desde o início. Complementa o Bolsa Família, complementa o Benefício de Prestação Continuada pra quem não recebe um salário mínimo. Para os desempregados, os trabalhadores informais, as pessoas que vivem na subsistência, o Estado tem que prover, nesse momento, para salvar vidas”, defendeu.

O ex-ministro definiu ainda a atuação do governo Bolsonaro frente a pandemia do novo coronavírus como uma tragédia histórica completamente irresponável. “Ele vem agravando a situação dele, quando ele convocou manifestações, permitindo que as pessoas se contaminassem, afrontando orientação médica, afrontando a ciência, afrontando as autoridades de saúde para atacar o Supremo, para atacar o Congresso, em um momento como esse. Aquilo foi uma coisa de uma estupidez, de uma precariedade, de uma leviandade, de uma irresponsabilidade sem precedentes”, apontou.

Segundo Mercadante, “ontem, foi mais dramático”. “Ele está claramente fazendo uma disputa política. Em um momento como esse, o sujeito está pensando em 2022”, disse. “Nós precisamos salvar vidas, proteger empresas, assegurar emprego, preparar a retomada da economia com o menor dano possivel, fortalecer o SUS. O que está naufragando nessa crise é o Bolsonaro e o Guedes, essa política neoliberal, que eles insistem em manter”, explicitou. “Eu acho que o Bolsonaro não vai mudar e o Brasil vai ter que mudar o governo nesse processo. É pra isso que nós vamos caminhar no pós-crise”, concluiu.

Confira a seguir a íntegra da entrevista: