Mercadante: mercado vai ficar surpreso de novo com desempenho da economia

Até maio, as aprovações de crédito do BNDES subiram mais de 90% e os desembolsos cresceram 27%

Atualizado em 18 de junho de 2024 às 17:54
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. Foto: reprodução

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou, nesta terça-feira (18/06), que o mercado ficará surpreso novamente com o desempenho da economia brasileira, pois os indicadores são muito consistentes. Até maio, as aprovações de crédito da instituição cresceram 90% em relação a 2023, e os desembolsos, 27%.

“Nós estamos com a menor taxa de desemprego nos últimos 10 anos. A população ocupada é a maior da história do índice de pessoas que estão ocupadas trabalhando. A massa salarial real, o poder de compra do salário, é o melhor da história econômica do Brasil. E a renda da população cresceu 6,1% nos últimos 12 meses. Então, você tem uma economia, o mercado de trabalho, o mercado consumidor voltando, voltando com força”, disse ele, durante conversa com jornalistas, após a realização do seminário “Reconstrução de cidades e mudança climática: experiências internacionais e nacionais para o RS e o Brasil”, na sede do Banco, no Rio de Janeiro.

Na ocasião, Mercadante relembrou os erros de projeção do mercado de que o Brasil só iria crescer 0,8% no ano passado e que a inflação não teria controle, o que não aconteceu. “O PIB cresceu ano passado 2,9%. E aí o mercado disse que se surpreendeu. Se surpreendeu que a inflação caiu. Se surpreendeu com a taxa de emprego. Se surpreendeu com o mercado de trabalho. Então, eu acho que vai ficar surpreso de novo, porque os dados são muito fortes, muito consistentes”, explicou.

Questionado sobre a questão fiscal, o presidente do BNDES pontou que se trata de um desafio global que permeia as principais economias do mundo, como Estados Unidos, Japão e União Europeia. “As principais economias do mundo hoje têm (desafio fiscal). Por quê? Porque a transição climática, a descarbonização, esse esforço todo que nós estamos vendo, os desastres naturais estão exigindo dos estados nacionais muito mais esforço do que era feito antes”, pontuou.

Mercadante também apontou a mudança geopolítica para atrair investimento como desafio para os países. “Também o desacoplamento da China para atrair investimentos. Estados Unidos fez uma política de subsídio a indústria de US$ 686 bilhões, coisa que não tem precedente na história. A União Europeia também está fazendo. Então, são dois movimentos. A transição climática, a descarbonização da economia, da indústria, a transição energética, a transição digital, a inteligência artificial e todo o investimento para isso. E, de outro lado, essa mudança geopolítica atrair investimento com protecionismo e subsídio. Então, os estados nacionais estão muito pressionados e o Brasil também”, explicitou.

Juros – Questionado sobre a expectativa para a próxima reunião do Copom, o presidente do BNDES afirmou que não faz projeções, mas ponderou que é preciso haver uma mudança do atual modelo de juros. “Vamos aguardar a decisão e nós vamos continuar trabalhando para ter juros baixos, para a gente poder ganhar competitividade, que é o último fator que nós precisamos. Porque, com todas as melhoras macroeconômicas, nós temos a segunda taxa de juros real maior do planeta”, avaliou.

Fachada doBNDES

“Eu acho que nós não temos margem de manobra no curto prazo, no curtíssimo prazo, para alterar essa condição de ter a segunda maior taxa de juros real do planeta, mas não pode continuar assim. Então tem que se debruçar sobre esse tema e repensar o caminho da relação antipolítica monetária fiscal e o Brasil ter juros que sejam compatíveis com as taxas de juros internacionais, principalmente com os indicadores que nós estamos apresentando, que são muito fortes”, afirmou.

O ruído político, que esteve presente no início do governo, em 2023, voltou a crescer, mas “vai se acomodar, vai passar”, segundo Mercadante, que avalia o impacto da situação do Rio Grande do Sul na redução das consultas no último mês.

“Nós temos que analisar ainda o que acontece. Eu acho que, seguramente, o nosso foco hoje é o Rio Grande do Sul. Então, isso também alterou um pouco a dinâmica de tentar absorver. Nós suspendemos ali o pagamento de juros e principal para todas as empresas do Rio Grande do Sul. Só isso, a nossa carteira no Rio Grande do Sul, direta e indireta com bancos e cooperativas, era de R$ 38 bilhões. Isso também pode ter algum impacto, mas eu acho que volta.”

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