O presidente Jair Bolsonaro tem apostado como uma das principais formas para alavancar os índices de popularidade no programa Auxílio Brasil, que já é compreendido pela ampla maioria da população como uma obra do pré-candidato do PL à reeleição. E isso não quer dizer que essa percepção será convertida, nos próximos três meses, em votos.
A pesquisa “A cara da democracia” revela que, em respostas espontâneas (quando não são apresentadas opções aos entrevistados), 74% afirmam que Bolsonaro é o “responsável pela criação do Auxílio Brasil”. Outros 3% dizem que foi o ex-presidente e também pré-candidato Lula (PT), que lidera todas as pesquisas de opinião, e um quinto dos eleitores (21%) diz não saber.
Por outro lado, quando questionados sobre quem criou o Bolsa Família, 55% dos eleitores afirmam ter sido Lula, seguido por Fernando Henrique (10%), Bolsonaro (4%) e Dilma (2%). Um quarto da população (26%) diz não saber, número que revela um desconhecimento, ou esquecimento, mais acentuado do programa criado por Medida Provisória em 2003.
O Auxílio Brasil é visto pelo governo como um grande desafio de comunicação política para convencer milhões de beneficiários de que o Bolsa Família, após quase duas décadas e fortemente vinculado aos governos do PT, mudou de nome. Ele agora tem as digitais de um novo presidente e será parte de uma estratégia maior que inclui a PEC aprovada pelo Senado para ampliar o estado de emergência, autorizando gastos extras de mais de R$ 40 bilhões a poucos meses das eleições. Há ainda novas modalidades de auxílio, como para caminhoneiros e taxistas.
“O que Bolsonaro fez do ponto de vista político é muito perspicaz. O Bolsa Família é marca registrada do PT, mais do que um programa de Estado. E o governo Bolsonaro tentou interromper isso de alguma maneira. Com esses resultados aliados à corrida eleitoral, fica claro que o Bolsa Família está na memória da população. É simbólico, é marca do combate à desigualdade e que a população associa ao PT”, analisa Lucio Rennó, professor de Ciência Política da UnB ao avaliar os resultados da pesquisa feita pelo Instituto da Democracia (INCT/IDDC).
A pesquisa “A cara da democracia” foi feita pelo Instituto da Democracia (INCT/IDDC), com 2.538 entrevistas presenciais em 201 cidades, em todas as regiões do país. A margem de erro total é de 1,9 ponto percentual, e o índice de confiança é de 95%. Participaram as universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj, com financiamento do CNPq e da Fapemig.
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