São Paulo – Depois de um dia e meio em greve, os metroviários de São Paulo aceitaram proposta de abono apresentada na madrugada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e encerraram a paralisação. Na assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (24), eles criticaram a postura do governo estadual e da empresa. Ontem à noite, a companhia não respondeu proposta conciliatória do Ministério Público do Trabalho (MPT), e por isso a greve continuou. A empresa havia afirmado que não tinha como efetuar qualquer pagamento.
O resultado da assembleia foi dividido: 49,3% votaram pelo fim da greve e 48,6%, pela manutenção. “A votação apertada revela nossa indignação com o desrespeito do governo @tarcisiogdf com a categoria e a população”, postou a presidenta do sindicato, Camila Lisboa.
A proposta apresentada pelo MPT previa o pagamento do valor de participação nos resultados (PR) de R$ 2.500 por trabalhador, por ano, de 2020 a 2022. Incluída ainda cancelamento de punições e garantia de não retaliação aos grevistas. O período de greve não seria descontado.
Pagamento sem punições
Em vez disso, o Metrô apresentou aos trabalhadores, na manhã de hoje, proposta que diminui o pagamento do abono a R$ 2 mil pelos três anos atrasados. Também promete continuar o programa de participação nos resultados, sem especificar regras, afirmando apenas que a PR de 2023 será paga no ano que vem. Além disso, a companhia se compromete a não punir nem demitir os trabalhadores pela greve.
Na assembleia de hoje, a presidenta do sindicato ressaltou a “vitória política” do movimento, diante de um governador (Tarcísio de Freitas) de direita. “Ele é igual ou pior que o Bolsodoria”, afirmou Camila, acrescentando que o governador tentou “posar de bonzinho” dizendo aceitar as catracas livres, enquanto apelava para a Justiça. Sobre a proposta, ela considerou “ruim, pouca, insuficiente”, mas defendeu a aceitação para “sair da greve por cima”.
Catracas livres
Em assembleia encerrada às 21h40 de ontem, os metroviários ressaltaram que o valor da PR oferecido representa um terço do devido pelo Metrô aos trabalhadores, mas deliberaram pela volta ao trabalho e fim da greve. No entanto, condicionaram o retorno a uma de duas condições: o Metrô aceitar a proposta do MPT ou a empresa permitir a operação dos trens sem a cobrança de passagens, a chamada catraca livre, enquanto durarem as negociações. A companhia não aceitou nenhuma das duas.
Em nota, divulgada às 23h08, o Metrô não faz referência à proposta do MPT e nem a liberar as catracas. “A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) seguirá com plano de contingência para garantir o atendimento aos passageiros nesta sexta”, disse o texto da nota.
Os metroviários lembraram ainda que em breve começam as discussões da campanha salarial. A categoria tem data-base em 1º de maio.
Originalmente publicado em Rede Brasil Atual
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