Thayná Silva, irmã de Willian Augusto da Silva, morto com seis tiros após sequestrar um ônibus na Ponte Rio-Niterói, escreveu-lhe uma elegia em sua página no Facebook.
“As pessoas que estão julgando, falando asneiras sem te conhecer, são desumanas, e provavelmente devem ser perfeitas”, diz.
Willian virou um troféu para a política genocida de Witzel. Pobre Rio de Janeiro, pobre Brasil.
O depoimento de Thayná:
“Meu irmão? Não era bandido! Não era ladrão! Não era assassino! Não era estuprador! Meu irmão não era nada disso.
Sabe quem era meu irmão? Um garoto incrível e inteligente, tinha força de vontade porque nossos pais sempre ensinaram isso, ele ria o tempo todo, brincava o tempo todo e estranhávamos quando se fechava.
Meu irmão? Ele era melhor amigo dos meus pais! A gente brigava mas era coisa de qualquer outros irmãos, e até disso sinceramente vou sentir falta. Mesmo longe, meu irmão inventava assuntos para conversarmos sempre, nem que fosse pra falar do joguinho novo que saiu na play store.
Meu irmão tinha tudo para ser um cara incrível, a inteligência dele era surreal, vocês não têm noção de quanto o meu menino era inteligente, ele era o cara que fazia tudo pela família, gostava de cozinhar…
Lembro como se fosse ontem que ficávamos vendo filme até tarde e sentíamos fome e você ia até a cozinha fazer macarrão ou qualquer outra coisa para comermos tarde da noite escondido da minha mãe kk.
Lembro que você ficava muito nervoso quando eu atrapalhava seu sono, me desculpa também por isso, prometo que nunca mais vou fazer isso.
Essa noite eu ouvi você no pé da cama dizendo “vocês são tudo doido” e rindo, isso era bem a sua cara né, irmão?! Você também falava pra implicar comigo que você iria trabalhar ser rico e eu seria sua empregada doméstica, lembra? kkkkk. (…)
No meu aniversário você estava tão tão feliz, olha que eu estranhei pra falar a verdade mas fiquei até feliz, você me abraçava, me beliscava, dançava comigo.
No final, dormiu na minha casa e quando foi de manhã bem cedinho ouvi um barulho e lá estava você limpando o quintal, toda a bagunça da festa enquanto todos estavam descansando, tá vendo como você tinha o coração bom!
Lembro a primeira vez que você foi na minha casa e disse “é tão legal vim na casa da minha irmã, abrir geladeira, armário” e começou a rir…
É, meu irmão, se eu ficar aqui escrevendo todas as coisas boas que sei de você, vou ficar por muito tempo aqui, porque só tenho coisas boas para lembrar de você. Não queria que seu fim fosse assim não mesmo e você sabe disso!
As pessoas que estão julgando, falando asneiras sem te conhecer são desumanas, e provavelmente devem ser perfeitas porque, né… Na verdade não são perfeitas não, são podres por dentro, pessoas com coração ruim e que têm uma vida infeliz.
Sei que você deixou a doença te vencer, é triste? Sim, muito, sei que os últimos meses você estava sofrendo muito mas nunca deixou de nos amar, cuidar, e fazer a suas piadas!
São tantas, tantas, tantas coisas boas, meu irmão! Eu te amo muito, sempre dizia que te amava e tô tentando planejar como vou viver dia após dia sem você e tentando ter forças para ajudar meus pais porque não está sendo fácil, principalmente para nossa mãe.
Eu sempre vou me lembrar de você, e agradeço por esses 20 anos incríveis, como irmão, como filho, como qualquer outra coisa! Eu te amo e a saudade dói como eu sempre disse que doeria!
Meu irmão amado, olha pela gente daí de cima, cuida da gente, tá? Sei que sua morte não será em vão como você dizia que não seria, e creio que não foi.
Eu te amo muito, tá?