Não se sabe o nome dele, de onde vem, sua idade, se é casado, se tem filhos — nada.
O que se conhece é que ele pintou um monumental “Fora Temer” no Museu Nacional de Brasília — frase que deveria ser preservada, e não apagada.
O heroi anônimo, ao que consta, não pertence a nenhum movimento político. Não é de esquerda, direita ou centro.
É um cidadão comum, empanzinado com o governo vagabundo de plantão e seu líder, e que não precisou da escora de nenhum grupo para se manifestar.
Em tempo de crise e desemprego recorde, não se importou se iria para a rua, se tomaria uma enquadrada do chefe, se alguém chamaria a polícia.
Com seu instrumento de trabalho nas mãos, diante da oportunidade, não pestanejou e lançou seu grito espontâneo de indignação e de saco cheio.
“É a minha opinião política, nós temos liberdade de expressão”, disse ao fotógrafo Marcelo Ferreira, que flagrou a cena. Ele não quis tirar um retrato, não posou de mártir, não escreveu textão no Facebook, não deu uma de japonês da Federal e outros picaretas famosos por 15 minutos.
A pintura, segundo o Correio Braziliense, é a última fase do processo de revitalização do lugar, aos cuidados da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.
Há um licença poética no ato: o pintor é terceirizado. O dono da empresa prometeu tomar as “providências cabíveis”. Será ele mandando embora? Deveria ser promovido.
Ele sabia o que fazia e as consequências. É um homem que, diante de uma chance de dar seu recado, não titubeou, não desperdiçou o momento, não ficou calado.
É um tapa na cara de um presidente que vive acoelhado, que não sai na rua, um ácaro de gabinete com pânico de fantasmas vivos e mortos, que opera nas sombras para fazer um serviço sujo e que finge se orgulhar de ser desprezado alegando que prefere ser impopular a populista.
O autor do “Fora Temer”, sozinho como veio ao mundo, desafiou Michel e sua corriola. Não fosse MT essa figura patética, pediria perdão aos brasileiros, condecoraria o pintor por bravura e iria para casa cuidar para que Michelzinho não seja como o papai.