Publicado originalmente no “Blog do Moisés Mendes”
Está fechado o cerco em torno de Michelle, a partir do vazamento de conversas de assessoras da ex-primeira dama com o coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que está preso.
O que apareceu é óbvio demais para ser apenas suspeita. Havia um esquema de saque e transferência de dinheiro vivo para pagar as contas de Michelle.
Com evidências de que era dinheiro público misturado a dinheiro privado de origem duvidosa. O coronel Mauro Cid centralizava um grupo que se encarregava do leva e traz da dinheirama.
As movimentações eram feitas para pagar contas pessoais de Michelle. O dinheiro dava lastro a um cartão de crédito em nome de Rosimary Cardoso Cordeiro, que era usado por Michelle. O dinheiro assegurava saldo ao cartão.
Rosimary era, claro, laranja de Michelle. O UOL teve acesso a conversas em que as assessoras Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva trocam informações entre si e com Mauro Cid.
O tema de muitas dessas conversas é o risco com as movimentações de dinheiro e o uso do tal cartão. Elas estão com medo de que dê rolo.
Mauro Cid diz nas conversas que Bolsonaro está sabendo das movimentações.
O UOL teve acesso até a uma troca de informações sobre o pagamento da mensalidade de um plano de saúde de um irmão de Michelle.
Cid queria que o valor fosse pago fora do esquema oficial do Planalto, mas acabou admitindo a quitação e encaminhou a ordem de pagamento ao grupo de assessoras. E o carnê foi pago com dinheiro público.
Cid também fez saques da conta pessoal de Bolsonaro. E o dinheiro foi repassado a uma tia de Michelle.
Tem mais. A empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção, com contratos com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estaria enviando dinheiro a Michelle, através dos prepostos e laranjas.
O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, espera que o TCU entre nas investigações.
Furtado pediu que o TCU participe de força tarefa com a Polícia Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União) para investigar as despesas de Michelle.
O interessante é que não apareceram ainda conversas cruzadas de Michelle com as assessoras ou com Mauro Cid, porque ele, o coronel, é o investigado, mas a ex-primeira-dama poderia ter sido flagrada. Como aconteceu com as assessoras.
A partir de agora tudo pode acontecer, porque Michelle furou a fila, num momento em que o mais exposto e candidato a cair a qualquer momento era Carluxo.