A primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, ingressou com uma ação na Justiça de São Paulo (processo público número 1037129-18.2020.8.26.0100) contra o jornalista Germano Oliveira e a revista “Isto É” acusando os réus de terem insinuado que ela manteria um caso extraconjugal com o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB-RS).
No processo, ao qual o DCM teve acesso, a primeira-dama nega a suposta ilação da revista, diz que a publicação da “notícia”, no dia 21 de fevereiro deste ano, causou “efeitos nefastos em sua vida”e pleiteia uma indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil.
O ação judicial foi protocolada no dia 6 do mês passado, e os réus ainda não se manifestaram no processo, tampouco a Justiça proferiu qualquer decisão quanto ao mérito da causa até a publicação desta reportagem.
No texto publicado por Germano Oliveira no semanário, lê-se o que segue abaixo:
O esforço de Bolsonaro para vigiar a mulher de perto
Michelle Bolsonaro, de 37 anos, demonstra certo desconforto no casamento. Foi sozinha à festa de casamento da deputada Carla Zambelli, na sexta-feira 14.
Na véspera do Natal, resolveu fazer uma cirurgia nos seios, e o marido viajou para a praia na Bahia.
Nos últimos meses, viajava sozinha pelo País com o ministro Osmar Terra, que acaba de cair. Agora, Bolsonaro resolveu vigiá-la de perto e instalou-a na Biblioteca do Planalto.
Como se nota, o jornalista não afirmou que a primeira-dama estaria cometendo ou teria cometido adultério, por meio de um caso extraconjugal com Osmar Terra. Apesar disso, de acordo com os advogados de Michelle, a construção textual utilizada por Germano Oliveira teria como objetivo insinuar que a primeira-dama estaria sendo infiel ao marido. Leia, abaixo, a acusação no processo judicial:
Os RÉUS (Germano Oliveira e “Isto É”) veicularam notícia puramente especulativa sobre a integridade e caráter da AUTORA (Michelle Bolsonaro), afirmando ao leitor de maneira sorrateira e tendenciosa que havia sido infiel em seu matrimônio. Em outras palavras, que em razão de um suposto caso extraconjugal da AUTORA com o ex-Ministro da Cidadania Osmar Terra, o Exmo. Sr. Presidente destituiu este do cargo e passou a se esforçar “para vigiar a mulher de perto” “instalando-a” na Biblioteca do Planalto.
Não poderia ter sido mais ardil o meio de manipulação da informação pelos RÉUS na publicação dessa notícia, dado o fato de que se utilizou de TÍTULO INDUTIVO para levar o leitor à conclusão de que a AUTORA havia traído seu marido, o Exmo. Sr. Presidente.
A primeira-dama explica também o motivo de ter viajado em companhia do ex-ministro e sem a presença de seu marido. De acordo com seus advogados, as viagens mencionadas teriam sido para atender a eventos oficiais, e a presença de Michelle sem o marido se justificaria exatamente porque Jair Bolsonaro, por problemas de agenda, estava impossibilitado de comparecer.
Assim, “sua representação (do presidente da República) é personificada na figura da ‘primeira-dama’ quanto às atividades voluntárias em campanhas ou políticas solidárias e sociais, sendo um contrassenso aproveitar-se justamente de tais situações (em que a primeira-dama estivesse desacompanhada do Exmo. Sr. Presidente) para argumentar, in casu, o inverídico caso extraconjugal”.
Michelle Bolsonaro afirma, ainda, que, ao contrário do que foi publicado por Germano Oliveira, não vive qualquer “desconforto no casamento”. Alega, também, que a demissão de Osmar Terra do cargo ministerial não guarda qualquer relação com eventual “desconfiança do esposo”, como mostra a reprodução de trecho do processo, abaixo:
Por fim, a primeira-dama registra com veemência seu descontentamento com o que ela considera a transmissão de valores machistas no texto de Germano Oliveira:
A matéria afirma, sem receio de cometer atrocidade aos Direitos de igualdade e independência conquistados pela mulher, que a presença do então Ministro da Cidadania concomitante à da primeira-dama em eventos e agendas de projetos sociais na ausência do Exmo. Sr. Presidente teria dado ensejo à um caso extraconjugal.
Finalmente, Michelle aproveita o ensejo do processo judicial para opinar sobre como deve ser exercido o bom jornalismo, sem notícias falsas, “buscando fontes confiáveis e apurando os fatos com precisão”.