A Argentina tem enfrentado uma crise nas áreas de saúde, educação, ciência, tecnologia e cultura desde que o presidente de extrema-direita Javier Milei assumiu o comando do país e promoveu cortes históricos nos setores. Ele tem sido alvo de uma série de manifestações em hospitais públicos e ocupações em universidades.
Milei cortou 40% dos recursos destinados a escolas e universidades públicas neste ano. A redução chegou a 31% só nas instituições de Ensino Superior, segundo o Centro Ibero-americano de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Inovação (Ciicti).
Eleito com uma promessa de que usaria uma “serra elétrica” para cortar gastos públicos, ele também diminuiu o envio de recursos para trabalhadores da saúde. Sindicatos locais avaliam que 70% dos médicos e profissionais de saúde que trabalham para o Estado têm salários abaixo da linha de pobreza.
O hospital público Garraham, que já foi vanguarda nos cuidados médicos dedicados a crianças e adolescentes, tem realizado somente cirurgias simples por falta de insumos e profissionais. Segundo funcionários, 30% dos trabalhadores da instituição pediram demissão por condições precárias e baixos salários.
Os investimentos estatais em ciência e tecnologia também tiveram uma grande queda neste ano, com uma redução de 32% na comparação com o valor usado em 2023. O projeto de Orçamento para o próximo ano prevê mais uma redução e o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) calcula uma perda de 41% dos recursos em termos reais se o texto for aprovado.
A cultura, setor que nunca foi visto como prioridade por Milei e é atacado por diversos líderes da extrema-direita, também vive um péssimo momento. O país costumava estrear anualmente 200 filmes e documentários, mas neste ano não lançou nenhuma obra com financiamento do Instituto Nacional de Artes Audiovisuais (Incaa).
O Incaa é uma espécie de Ancine argentina e neste ano não está recebendo novos projetos. Foram cancelados mais de 150 que já tinham sido aprovados pela instituição, afetando cerca de 700 mil postos de trabalho.
As livrarias, que são mais de 1.300 no país, também tiveram prejuízos. Um estudo do Foro Cultural Mundial de Cidades apontou que a venda de livros caiu 30% em 2024.
Segundo Nicolás Lavagnino, pesquisador do Ciicti, a meta do governo Milei era gerar uma redução do déficit fiscal de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto), mas o país está chegando a um corte de 4,5%. “Algo inédito na História de nosso país”, aponta o especialista.
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