Militares escoltaram terroristas e os ajudaram a fugir no 8 de janeiro, diz membro da PF

Atualizado em 10 de março de 2023 às 17:22
Atos terroristas no 8 de janeiro

Um servidor da Polícia Federal revelou que militares escoltaram os golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, até a saída de emergência do Palácio do Planalto, para evitar que fossem presos.

O depoimento, obtido pela coluna de Carolina Brígido, no UOL, serviu de respaldo para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidir que a Corte, e não a Justiça Militar, julgaria os crimes de militares nos atos terroristas, em Brasília.

“Um militar orientava a tropa do BGP (Batalhão da Guarda Presidencial) para fazer um corredor e liberar os manifestantes para saírem pela saída de emergência para trás do Planalto: “Vamos liberar, fazer um corredor”; que vários manifestantes ficavam no local afirmando que o Exército os estava protegendo; que, então, o Choque subiu a rampa para acessar o Planalto; que um um dos militares que tentava organizar uma liberação para os invasores se dirigiu à tropa de choque da Polícia Militar do DF, tentando impedi-los de entrar: ‘aqui não, aqui não'”, diz trecho do depoimento.

O servidor depôs à PF em 11 de janeiro e está protegido por sigilo. Na ocasião, ele disse que gravou vídeos em seu celular para comprovar as cenas descritas. As imagens já estariam em posse dos investigadores.

O depoente integra a Polícia Federal e está cedido à Presidência da República, atualmente na Secretaria-Geral. No dia dos atos, ele estava de folga em casa e resolveu, por volta das 15h, ir ao Palácio do Planalto para verificar como estava a segurança no local após descobrir pela imprensa que os manifestantes se deslocavam para a Esplanada dos Ministérios.

O servidor disse que “notou que a guarita de segurança, onde ficam os militares do Batalhão da Guarda Presidência estava abandonada”. Segundo ele, na entrada do Palácio, havia seis soldados com equipamento anti distúrbio, sendo que um deles era atendido pelo socorrista do Planalto. O servidor perguntou, então, quem estava no comando da situação e os soldados não souberam responder.

O depoente disse que foi para o túnel que liga o anexo 2 ao Planalto, onde há normalmente controle do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e que “não havia ninguém do GSI naquela hora, com as catracas liberadas”.

No depoimento, ele relatou que “ao descer ao salão das cerimônias, no segundo andar, se deparou com centenas de pessoas com camisas da seleção brasileira no local tirando fotos, gravando vídeos, outros conversando com os militares do BGP [Batalhão da Guarda Presidencial]; que, nesse momento já estava tudo destruído no local; que os militares estavam com equipamentos anti distúrbio civil, mas não empregavam qualquer ação em face dos invasores”.

Ainda segundo o servidor, por volta das 17h, “chegou o maior contingente do BGP e passou a tomar posição no local”. Mas, que ainda assim, “os manifestantes entravam e saiam do Palácio, subiam e desciam os andares livremente”.

Nesse horário, do lado de fora do Planalto, já havia confrontos. O depoente teria ficado indignado e gritado para os militares “tomarem posição, avançarem contra os manifestantes, mas eles não faziam nada”. De acordo com ele, “alguns apenas diziam que aguardavam orientações” e “diversos manifestantes entravam e saiam do local livremente”.

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