As Forças Armadas, responsáveis pela logística na operação de desintrusão ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, solicitaram um montante de R$ 993 mil por dia para manter o apoio às ações estabelecidas pelo governo Lula. O pedido, fundamentado em uma nota técnica do Ministério da Defesa datada de setembro de 2023, foi encaminhado à Casa Civil, que recentemente anunciou um adicional de R$ 1,2 bilhão para a missão.
O documento revela que a verba destinada à assistência humanitária e à expulsão de garimpeiros havia se esgotado, exigindo um novo aporte financeiro. Este pedido ocorreu cerca de um mês após o governo liberar R$ 275 milhões em créditos extraordinários para a mesma finalidade.
“Com a extinção dos recursos orçamentários, a manutenção das operações nos níveis citados implica a necessidade de aporte de valores na dimensão mencionada”, afirma a nota técnica obtida pela Folha de S.Paulo.
No entanto, questionada sobre a necessidade de verba pouco tempo após a liberação do crédito extraordinário, o Ministério da Defesa alegou que o montante já havia sido utilizado para diversas atividades, incluindo distribuição de alimentos, atendimentos médicos e detenção de suspeitos.
A atuação das Forças Armadas na região Yanomami tem sido alvo de críticas, inclusive sob a gestão atual de Lula. Relatos indicam recusas em transportar autoridades para sobrevoar a terra indígena, além de omissão e suspeitas de boicote que contribuíram para a explosão do garimpo ilegal na região durante o governo anterior, de Jair Bolsonaro.
A nota técnica destaca a complexidade logística do território Yanomami para justificar a demanda financeira. “Ademais, é importante mencionar que a atuação das Forças Armadas nesse tipo de apoio em Terras Indígenas é emergencial e temporária.”
Mesmo com o pedido de quase R$ 1 milhão por dia, o documento aponta que as Forças Armadas teriam capacidade de transportar apenas pouco mais da metade das 9.000 cestas básicas estimadas como necessárias para o atendimento ao quadro de desnutrição dos indígenas.
Em resposta, a Defesa e a Casa Civil afirmaram que as Forças Armadas planejam distribuir 14 mil cestas nos três primeiros meses do ano, uma média de pouco mais de 150 por dia.