Após os depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas na última semana, a Operação Tempus Veritatis deve se voltar contra o almirante Almir Garnier, que liderava a Marinha durante a trama golpista do clã Bolsonaro. Assim como Bolsonaro e outros aliados, Garnier ficou em silêncio durante sua oitiva na Polícia Federal.
O foco se voltou para o militar após o general Freire Gomes, do Exército, e o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, da Aeronáutica, afirmarem que o plano de Bolsonaro não foi posto em prática porque apenas Garnier teria aceitado aderir ao golpe.
Os depoimentos dos comandantes militares corroboram o que Mauro Cid já havia dito em sua delação premiada. Na ocasião, o ex-ajudante de ordens afirmou que o ex-comandante da Marinha manifestou apoio ao plano golpista em conversas internas, embora o Alto Comando das Forças Armadas não tenha aderido a essa proposta. Na ocasião, Cid não mencionou diretamente Freire Gomes e Baptista Júnior.
Cid ainda relatou que, logo após a derrota no segundo turno da eleição, Bolsonaro recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários. Segundo os depoentes, eles participaram de duas reuniões com o ex-presidente sobre o tema.
Bolsonaro, segundo Cid, teria participado de reuniões tanto com Filipe quanto com militares. O ex-ajudante de ordens ainda disse que Garnier teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro para o golpe.
Quem é Almir Garnier
Almir Garnier Santos ingressou, aos dez anos de idade, como aluno do curso de formação de operários, na extinta Escola Industrial Comandante Zenethilde Magno de Carvalho.
Ele se graduou Técnico em Estruturas Navais, na Escola Técnica do Arsenal de Marinha (AMRJ), em 1977, tendo estagiado nas Fragata Independência e União, à época em construção na carreira do AMRJ. No mesmo ano iniciou o Curso de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha.
Em 1978, o bolsonarista ingressou na Escola Naval (Rio de Janeiro -RJ), formando-se em 1981. Entre os anos de 1981 e 1991, o então tenente Garnier, desenvolveu suas habilidades operativas servindo a bordo dos navios mais modernos da Esquadra brasileira à época.
Anos mais tarde, em 31 de março de 2010, o apoiador do ex-presidente foi promovido ao posto de Contra-Almirante, em 31 de março de 2014 ao posto de Vice-Almirante e em 25 de novembro de 2018 ao posto de Almirante de Esquadra.
Antes de assumir o cargo de Secretário-Geral do Ministério da Defesa em janeiro de 2019, comandou o 2º Distrito Naval por dois anos. No Ministério da Defesa, atuou por mais de dois anos e meio como Assessor Especial Militar do Ministro, tendo servido aos ministros Celso Amorim, Jaques Wagner, Aldo Rebelo e Raul Jungmann.