Por Luis Felipe Miguel
A entrevista de Milton Ribeiro para o Estadão mostra – mais uma vez – que ele é completamente desqualificado para o cargo que ocupa.
Foge das responsabilidades que seriam suas. É desinformado. E – essa artimanha faz sucesso no governo do qual participa – tenta suprir seu vazio de competências apelando para declarações homofóbicas que agradariam à base radicalizada.
Dizem que ele tenta se mostrar mais “aguerrido” para se segurar no cargo. De fato, ele entrou como uma espécie de Weintraub que não dá patadas. Mas o que sobra de Weintraub, se retiramos as patadas? Pois era esse nada a que Ribeiro se destinava.
A mudança de postura é difícil, porque parece lhe faltar até a verve grosseira que as brigas de twitter exigem. O que mais impressiona, na entrevista do Estadão, é que em nenhum momento reluz qualquer faísca de inteligência. Mesmo no papel, as respostas parecem lentas, pausadas, mornas, sussurradas.
O que motivou a entrevista do ministro, que em geral prefere prudentemente ficar na encolha, foi a vontade de reagir às críticas que recebeu, no campo da extrema-direita, por ter recebido dois deputados da bancada lemmanista.
É a velha armadilha – reduzir as alternativas ao desvario fundamentalista, de um lado, e à visão empresarial, do outro. Se os opositores de Ribeiro são o Todos pela Educação, a Fundação Lemman, a Viviane Senna etc., somem do debate os movimentos de professores e de estudantes, os defensores da educação pública e gratuita, a pedagogia critica e emancipadora.
Enquanto isso, Bolsonaro prossegue com a prática de jamais nomear reitores eleitos. É gravíssimo – o objetivo é anular o instituto constitucional da autonomia universitária.
Não é um ataque a esta ou aquela instituição. É a todos nós. E acho, francamente, que nossa resposta está muito aquém do necessário.
Lembro sempre dos versos famosos de Martin Niemöller: “Quando vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista” etc.
Pois quando as intervenções começaram, em geral em universidades e institutos federais novos, pequenos e periféricos, parecia algo desagradável, mas distante.
Agora, até uma universidade do porte da UFRGS foi entregue para um oportunista desprezível, apadrinho por um deputado folclórico que representa o pior da escória política do país. E o que nós fazemos?