Mimi.
Mimi Nogueira.
Não.
Não te abandonei.
Mimi.
Mimi Nogueira.
Não te abandonei.
Mas ainda assim.
Parti. Te deixei. 10 000 quilômetros.
Você me perdoa? E eu, eu me perdôo?
Mimi.
Mimi Nogueira.
Onde nossas manhãs, e tardes, e onde nossas noites?
Onde as madrugadas na cama que você conquistou como uma guerreira do amor?
Mimi.
Mimi Nogueira.
Tantas Mimis em Londres.
Mas nenhuma é você.
Mimi.
Mimi Nogueira.
Não te abandonei.
Ou te abandonei?
Mimi.
Mimi Nogueira.
E então a conversa, a última, ontem.
Antes da injeção.
O Skype te trouxe, e eu te embalei.
E você dormiu comigo seu sono final, longe e perto.
Mimi.
Mimi Nogueira.
Você me ensinou que ridículo não é amar um cachorro.
Ridículo é achar isso ridículo.
Você vai viver em mim. Na Camila. No Pedro. No Emir. Na Lu, que te chamou de Mimi Ferreira Nogueira.
Nos nossos sonhos vai estar sempre dourada, e suave como um afago inesperado.
E em todas as Mimis vamos ver você, até o último dia de cada um de nós.
Mas elas não são você.
No céu dos homens não acredito porque somos ruins.
Mas no de cãezinhos como você sim.
E você vai encontrar ali sua mãe, a Lalá.
Daqui de longe posso ver vocês duas juntas, como sempre.
E então termino dizendo assim, como num conto de fadas porque você foi um.
Era uma vez Mimi.
Mimi.
Mimi Nogueira.