Falas machistas do novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, nomeado por Jair Bolsonaro (PL), têm circulado nas redes sociais. Sachsida chegou a dizer que parte do que é chamado de discriminação no mercado de trabalho, na verdade, seria um “comportamento racional” dos empresários porque mulher engravida e “falta mais para ir ao médico” do que os homens, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
“Não necessariamente é discriminação, é simplesmente o comportamento racional do empresário […] Se o casal tiver um filho provavelmente é a mulher que vai cuidar do filho. Aí você vai dizer para mim: ‘Adolfo, mas o homem fica bêbado mais que a mulher? Fica. Então, menos para o homem neste ponto. Mas também quem vai mais ao médico é a mulher, então, ela vai faltar mais para ir ao médico. O empresário está fazendo essas contas”, diz em um vídeo.
Na mesma gravação, ao explicar o termo a priori, o novo ministro de Bolsonaro diz que quando você olha uma mulher e a vê “com um bustiezinho, uma calça colada, você fala assim: ‘pô, essa mulher deve ser solteira'”. “Pode me chamar de machista à vontade”, afirma.
Ele diz em outro trecho que a licença maternidade de seis meses é um “crime contra a mulher”. “Cara, você consegue imaginar uma empresa ficar seis meses sem o seu gerente? Não tem jeito. Quando eu fui contra essa ideia de dar licença maternidade de seis meses, o pessoal me xingou. Não é nada disso, é que eu me preocupo com as mulheres.”
No vídeo “Aprenda Economia com o Sachsida: Aula 7” publicado em seu canal no YouTube há seis anos, o ministro indica os motivos para a desigualdade salarial entre os gêneros e afirma que os homens topam jornadas de trabalho mais extensas do que as mulheres.
“Você conversa com seus amigos e suas amigas e pergunta: ‘Quem de vocês topa trabalhar 12 horas por dia durante 15 anos para daqui 15 anos ser o chefe ganhando mais?’ Você vai ver que uma proporção maior de homens topa isso. Talvez seja fator cultural, social, não sei”, diz.
“Você vai ver que uma magnitude expressiva de mulheres prefere uma jornada menor. Ou porque precisa ficar com os filhos ou porque ela pretende ficar mais com a família ou porque ela acha que a regra de sustentação é do homem. Eu não sei a explicação, eu sei do resultado”.
O ministro ainda fala que é contra cotas raciais e que alemães, italianos e japoneses foram mais “maltratados” no Brasil nos últimos anos do que os negros. “É difícil argumentar que 200 anos depois do final da escravidão exista uma dívida histórica [com os negros]”, afirmou. “Se tem algo que o Brasil pode ensinar para o mundo é a maneira como as raças interagem. Olha a minha cor aqui ó [ele mostra o braço], eu sou branco, eu sou negro. A minha irmã é mais escura do que eu. Ela é branca, ela é negra”, diz.