O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Ricardo Cappelli, disse que recebeu a missão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para “renovar e oxigenar” o órgão, além de apresentar um novo desenho institucional para reformulá-lo.
A chegada de Cappelli, após a turbulenta demissão do general Gonçalves Dias, é vista como um estímulo para as mudanças no GSI, que tradicionalmente é chefiado por militares. Uma ala do governo defende passar a pasta para o comando civil, mas o Ministério da Defesa ainda prefere mantê-la com os militares.
“Temos dois focos centrais: avançar na oxigenação, na renovação do corpo funcional do Gabinete de Segurança Institucional e, ao mesmo tempo, apresentar ao presidente um levantamento das atribuições atuais e uma sugestão de desenho institucional e de funções que devem estar a cargo do GSI”, afirmou Cappelli em entrevista ao jornal O Globo, na sexta-feira (21).
No entanto, o ministro interino negou que a renovação dos servidores e o novo desenho institucional que será proposto, signifiquem necessariamente uma desmilitarização do órgão.
“Não há isso. A questão da renovação é natural de qualquer início de governo e o redesenho é uma discussão estratégica, já que o GSI teve diferentes papéis ao longo das décadas”, disse.
As mudanças devem começar na semana que vem. Na quarta, seu antecessor, Gonçalves Dias, deixou o GSI após a divulgação de vídeos do Palácio do Planalto que mostram o militar circulando entre os terroristas que invadiram as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro.
GDias, como é conhecido, prestou depoimento à Polícia Federal na manhã de sexta e negou qualquer participação, por ação ou omissão, nos atos terroristas.
Cappelli acredita que a divulgação da íntegra dos vídeos gravados no Planalto em 8 de janeiro livrará o ex-chefe do GSI de qualquer suspeita.
“O general Gonçalves Dias é um servidor com décadas de serviços prestados ao Estado brasileiro. Agora é muito importante que as pessoas vejam as imagens sem os cortes, sem a edição, porque foram feitos cortes com claro intuito de atingir o governo e o general”, afirmou.