A revelação de um esquema de vigilância clandestina dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a administração de Jair Bolsonaro (PL) trouxe à tona uma onda de indignação entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que estão agora pressionando por “punições duras” para os responsáveis, segundo a CNN.
Segundo a Polícia Federal (PF), o monitoramento ilegal realizado por funcionários da Abin tinha como alvos políticos adversários de Bolsonaro, jornalistas e membros do próprio STF. Foi de Alexandre de Moraes a permissão para a operação Última Milha, referência ao programa usado, o “FirstMile”, Primeira Milha em tradução livre.
O entendimento é que os bolsonaristas usaram o software israelense para realizar mais de 30 mil espionagens ilegais. O programa era capaz de monitorar a localização de qualquer aparelho celular apenas pela linha telefônica.
De acordo com a CNN Brasil, dois ministros do STF revelaram que havia suspeitas internas de que atividades como essa poderiam ter ocorrido durante o mandato de Bolsonaro. Um dos ministros declarou que, considerando o intenso clima de ataques sofridos pelo STF, não era surpresa que o governo bolsonarista tentasse algo nesse sentido.
Ambos os ministros destacaram a importância de a investigação chegar aos responsáveis pela orquestração do esquema de espionagem e enfatizaram a necessidade de punições severas para todos os envolvidos, incluindo os mandantes.
Segundo fontes da PF, as atividades de monitoramento ilegal ocorreram ao longo de 2019 a 2021, e uma ampla gama de indivíduos foi alvo dessa prática, o que levanta sérias preocupações sobre a violação dos direitos civis e a segurança das informações confidenciais.
Segundo o G1, o entendimento entre os investigadores da PF é que a atuação de Bolsonaro e seus aliados “ultrapassou a mera cogitação e atos preparatórios” e efetivamente “tentou” dar um golpe.