“Ministros que vão a Israel deveriam ir a Gaza”, diz o coordenador do Prerrogativas

Atualizado em 18 de janeiro de 2024 às 17:57
Advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas. Foto: Reprodução

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, afirmou que os magistrados brasileiros que aceitaram o convite da Conib (Confederação Israelita do Brasil) para realizar uma viagem a Israel também deveriam visitar a Faixa de Gaza, território frequentemente bombardeado pelo governo israelense.

Ministros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) foram convidados para a viagem, que também está sendo organizada pela Stand With Us Brasil. A lista inclui ainda desembargadores e juízes.

Segundo o convite, o objetivo da viagem para o Oriente Médio é mostrar “os resultados do ataque terrorista que atingiu o Estado de Israel em 7 de outubro, bem como entender questões e impactos jurídicos, sociais e econômicos na guerra entre o país e o grupo terrorista Hamas”.

Para Marco Aurélio, a viagem é “no mínimo estranha”. “Se o propósito [da ida] for, de fato, oferecer a possibilidade dos magistrados conhecerem a realidade do conflito, a gente sugere que essa comitiva passe por Gaza. Fique um dia, ao menos, para poder ouvir os palestinos e ver com os próprios olhos o que está acontecendo”, disse o advogado à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Mulher palestina carrega criança na Faixa de Gaza após ataques israelenses. Foto: Mahmud Hams/AFP

“Aliás, esse é o papel dos magistrados. Para ser imparcial, é importante ouvir todos os lados para poder formar sua própria convicção”, acrescentou.

Entretanto, o advogado adverte que a comitiva deve estar atenta caso passe pela zona de conflito. “[Os magistrados] podem não voltar para contar o que viram, já que o governo de extrema direita [do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu] costuma bombardear civis”, alertou.

Ainda de acordo com o convite, a viagem vai durar cinco dias e incluirá encontros com as Forças de Defesa de Israel e a participação em eventos para debater “questões legais, institucionais do conflito e da geopolítica do Oriente Médio”.

Em nota, a Conib disse que a viagem é “de caráter privado” e será “custeada integralmente pelas duas entidades”.

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