Testemunhas do caso do desembargador Jorge Luiz Borba, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que mantinha a empregada doméstica em condições análogas à escravidão em sua casa, relataram como vivia a mulher.
Entre os relatos estão: puxões de cabelo, quarto mofado, pus no ouvido, dores de dente, massagem nos pés da patroa, roupas “nojentas” e assaduras sob os seios. A informação foi divulgada pelo Estadão.
Trabalhadores que passaram pela residência do desembargador dizem que a vítima não tinha amigos, nem contato com a família e se comunicava por meio de grunhidos por causa da sua surdez. Ela vivia desde os 9 anos com eles, trabalhava o dia todo, não recebia salário e era a única que não sabia ler e escrever.
No começo das investigações, uma das ex-funcionárias ouvidas pelo Ministério Público (MP) disse que a empregada doméstica dormia em um quarto “cheio de mofo”, fora da casa. As empregadas da casa também compravam absorventes para a mulher, que “muitas vezes andava com a roupa manchada de menstruação”.
“Teve uma ocasião em que faltou luz e levaram ela para dormir com ela (Ana Cristina) e a mãe, que sentiu um cheiro ruim. Quando fui acordá-la, percebi que no ouvido tinha uma poça de sangue e pus”, disse a funcionária.“A roupa dela era nojenta. Ela usava roupas velhas doadas pela mãe de Borba, já falecida”, disse outra ex-funcionária. Essa mesma pessoa ainda ressaltou ao MP que a vítima “jamais foi considerada da família”.
Em outro depoimento, uma testemunha disse que Ana Cristina, mulher do desembargador, costumava brigar com a vítima: “Quando Maria não fazia uma tarefa certa, dona Ana puxava o cabelo dela ou beliscava, e Maria voltava para a cozinha chorando.”
Outras testemunhas disseram ao MP que a empregada fazia massagens nos pés da patroa, às vezes “por horas”. Além disso, também foi relatado que o quartinho em que a mulher dormia tinha um riacho embaixo e estava com muito mofo.
Vale destacar que, na última sexta-feira (8), André Mendonça, ministro do STF indicado por Bolsonaro, autorizou o desembargador a ver mulher mantida sob escravidão e o retorno dela para o local de onde foi resgatada – se ela concordar.