Por Fernando Brito
Acuse-se de tudo o sr. Alexandre de Moraes, ministro do STF e, agora, presidente do TSE, menos de ingênuo.
Ao decidir pela busca nos celulares e nas contas bancárias de Luciano Hang e mais sete empresários envolvidos num grupo envolvido com ideias golpistas em favor de Jair Bolsonaro tinha perfeita ciência do poder de reação destes setores e do próprio líder deles, Jair Bolsonaro.
Só os imprudentes fazem apostas altas sem ter boas cartas nas mãos.
Por mais que lhe fosse necessário dar uma “freada de arrumação”, depois do escândalo revelado pela coluna de Gulherme Amado, no Metrópoles, Moraes não o faria sem ter o que colocar na mesa quando viessem os questionamentos sobre seu ato de mandar a polícia onde raramente ela vai.
Até agora, circulam informações que há muitas, inclusive as mais estranhas, como a informação de que o dono do Coco Bambu, que obrigaria os permissionários de 64 unidades da rede de restaurantes a contribuírem com a campanha bolsonarista com quantias entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, contada pelo rigoroso jornalista Luís Costa Pinto em sua Plataforma Brasília.
Tanto é assim que a reação de Bolsonaro e sua turma é cautelosa, pelo temor que o ministro tenha elementos nos seus mandados de buscas ou já nas primeiras coletas de provas.
Ontem perguntou se “era proporcional” a ação da Justiça e, hoje, perguntou “onde está o pessoal da cartinha?”, referindo-se ao manifesto em defesa do Estado de Direito. Mas nada que se parecesse a seus costumeiros coices.
Moraes segue “beliscando” o bolsonarismo, como fez hoje ao pedir aos comandantes da polícia militar para que analisem a proibição do uso de armas pelos “caçadores, atiradores e colecionadores” no dia da eleição.
É gente, sabe-se, pouco afeita a uma argumentação racional e até óbvia: seus valores são de outro calibre.
Moraes, lutador de muay-thai, sabe que o combate tem vários rounds.