Moro avalia golpe de Bolsonaro e se diz “incompatível” com Lula

Atualizado em 24 de janeiro de 2022 às 8:30
A imagem de Lula, Moro e Bolsonaro
Lula, Moro e Bolsonaro. (foto: Redes Sociais/Reprodução)

Os jornalistas Lauriberto Pompeu e Felipe Frazão entrevistaram no Estado de S.Paulo, o Estadão, o pré-candidato presidencial do Podemos, o ex-juiz Sergio Moro. E ele falou sobra a questão da consultoria americana Alvarez e Marsal, onde ele foi trabalhar após sua saída da Operação Lava Jato. Falou de Bolsonaro e Lula.

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Moro fala de Bolsonaro e Lula

Na sua primeira entrevista como juiz da Lava Jato, em 2016, o senhor disse ao Estadão que ‘jamais’ entraria na política. O que aconteceu?

Houve uma total mudança de contexto. Fui ao governo (Bolsonaro), convidado, principalmente porque eu tinha um projeto de consolidação do combate à corrupção. Sempre me vi mais como um técnico.

Passei todo o ano de 2021 olhando para ver se apareceria algum nome com a capacidade de romper a polarização e infelizmente não apareceu. Então resolvi colocar meu nome à disposição, entendo até em uma espécie de missão.

(…)

O senhor é ex-ministro de Bolsonaro, tem o apoio de vários ex-bolsonaristas. É correto dar razão a quem diz que o senhor quer ser uma versão melhorada do presidente?

Sou muito diferente de Bolsonaro e de Lula. Absolutamente incompatível. Aceitei o convite porque entendi que havia uma chance de dar certo e que a minha pauta era desejada pelo País de combate à criminalidade, não só corrupção, mas violência e crime organizado.

Logo percebi que essa pauta tinha sido sabotada pelo próprio presidente da República e preferi deixar o governo. Outros abandonaram o governo antes, ao perceber que as promessas não eram reais, mas ninguém se torna cúmplice do Bolsonaro por ter querido realizar seus sonhos, que na verdade são sonhos para o País também.

(…)

Quando Bolsonaro tentou um golpe de Estado?

Não que ele tenha tentado, mas passou o ano passado inteiro falando em questionar a legitimidade das eleições, em realizar movimentos agressivos contra as instituições. O abalo que isso trouxe à credibilidade do Brasil e igualmente a nossa economia…

Muita gente atribui essa escalada gigante do dólar no ano passado, a elevação da inflação, do preço dos alimentos e dos combustíveis a esse destempero verbal do presidente. Imagine você sendo investidor lá fora e olhando no Brasil o presidente falando que não vai reconhecer eleições, apoiadores falando em invadir o Supremo Tribunal Federal. São situações absolutamente intoleráveis e têm um impacto econômico sim.

Lula acena aos trabalhadores com a revisão da reforma trabalhista. Há correções a serem feitas?

A prioridade é gerar empregos e formalizar as relações de trabalho porque eles são de maior qualidade. Uma discussão necessária a esse respeito é por que há tão poucos incentivos de formalização dos contratos de trabalho. Normalmente isso está relacionado a problemas envolvendo impostos sobre a folha salarial.

Temos que discutir fórmulas que possam estimular essa formalização. A discussão central é exatamente essa e não está relacionada à pretensão do PT de revogar a reforma trabalhista”.

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