Ao adiar para o dia 14 de novembro as oitivas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o sítio de Atibaia, previstas para serem realizadas em 27 de agosto e 11 de setembro, o juiz Sérgio Moro cometeu o ato falho de confirmar que persegue o líder nas intenções de voto para a eleição presidencial de outubro.
Em seu despacho, Moro alegou que está com diversas ações penais “com acusados presos preventivamente e que ainda não foram julgadas”. O juiz de Curitiba acrescenta que a mudança nas datas para ouvir Lula “permitirá que o Juízo foque esforços nessas ações que, por lei, têm preferência na tramitação”.
Ou seja, se essas ações a que se refere Moro têm “preferência na tramitação”, furar a fila com julgamentos apressados dos processos contra Lula apenas confirma a sanha do juiz em perseguir o ex-presidente. Aliás, como fez na velocidade que empreendeu no processo do tríplex, no que foi acompanhado pelos desembargadores do TRF-4.
É falsa a afirmação de Moro de que o adiamento teve o objetivo de “evitar a exploração eleitoral dos interrogatórios”, por coincidir o dia 11 de setembro com o período da campanha eleitoral, coincidência que o juiz descobriu somente agora. Na verdade, Moro avaliou que impor a Lula um novo constrangimento a essa altura do campeonato só ajudaria a encher ainda mais o balaio de votos do petista.
O resultado é que Lula chegou a este 15 de agosto, data limite para o registro de sua candidatura, ficha mais do que limpa em seu domicílio eleitoral, São Bernardo do Campo, onde a Justiça paulista não registra nenhuma condenação contra o ex-presidente em primeira instância, muito menos em segunda.
O fato é que Moro queria tirar Lula da eleição de qualquer jeito, e nem conhecia a legislação eleitoral. Para inviabilizar o registro da candidatura de Lula, a condenação deveria ter ocorrido em São Paulo, e não no Paraná.
Em sua vontade incontrolável de perseguir Lula e julgá-lo em seu quintal, Moro acabou por demonstrar sua ignorância sobre as leis do país.
Assim se comportam também os procuradores da República da Operação Lava Jato, aprendizes de feiticeiro na nobre arte da Justiça. Justiça que pretendem feita com julgamento sumário, sem direito a defesa, em que o devido processo legal é substituído por delações remuneradas pela nova moeda da libertação e sustentadas por “provas ideológicas”.
Foi dessa forma, mais uma vez, que esses procuradores se comportaram hoje quando voltaram a bombardear a defesa de Lula, cujos advogados querem ver afastados do processo. Não satisfeitos, querem silenciar Lula e censuram até a imprensa italiana, coisa que nem a ditadura ousou, pois limitou-se em calar a imprensa tupiniquim. Deviam ter vergonha, num momento em que 160 juristas brasileiros assinam um manifesto em favor da candidatura de Lula, proclamando a sua inocência.