Moro e Dallagnol se afastam na véspera do facão. Por Altamiro Borges

Atualizado em 1 de abril de 2024 às 18:22
Moro e Dallagnol se afastam na véspera do facão. Charge: Schröder

Por Altamiro Borges

Na véspera do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná que pode ceifar o seu mandato de senador, o ex-juizeco e ex-ministro Sergio Moro não contará com o ombro amigo do ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol para chorar suas mágoas.

O jornal O Globo, que no passado transformou os dois em heróis nacionais, publicou neste domingo (31) uma curiosa reportagem mostrando que a relação entre ambos está estremecida. O crônico oportunismo parece ser o motivo principal da separação. Sabe-se lá se existem outras tretas!

Colegas na Operação Lava-Jato, Moro e Deltan entraram na política em 2022 e chegaram a formar uma bancada contra a corrupção no início de seus mandatos no Congresso. No dia primeiro de fevereiro de 2023, quando tomaram posse, os dois posaram para fotos ao lado da mulher do senador, a deputada Rosangela Moro (União-SP), e até meados de maio nutriam certa proximidade.

A relação começou a azedar quando Deltan perdeu o mandato. À época, os ministros entenderam que o ex-procurador deixou o Ministério Público para escapar de possíveis punições, sendo assim enquadrado na Lei da Ficha Limpa”, descreve o jornal.

Distanciamento entre os dois oportunistas

Ainda segundo a matéria, “a postura de Moro naquele momento incomodou aliados de Deltan, que esperavam maior apoio. O senador chegou a defender o ex-companheiro em diversos posicionamentos públicos, mas não compareceu aos atos em favor de Deltan em Curitiba, reduto eleitoral de ambos”.

Também houve divergências sobre a postura diante do cenário político. “Fora do mandato, Deltan intensificou o discurso de oposição ao governo federal e começou a perceber uma postura diferente de Moro, quase sempre mais comedida nas palavras. O ponto de tensão ocorreu após o ex-ministro da Justiça Flávio Dino ser indicado ao STF”.

Sergio Moro ao lado de Deltan Dallagnol. Reprodução

Metido a evangélico, o ex-jagunço da Lava-Jato não perdoou o chefe na midiática operação. “Durante o périplo do então integrante do primeiro escalonamento de Lula pelo Senado em busca de apoio à indicação, Deltan cobrou que os parlamentares votassem contra sua escolha. Como a votação é secreta, não foi possível afirmar que Moro teria votado a favor de Dino. Mas imagens de afagos entre os dois durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa foram o suficiente para gerar desconfiança em Deltan. Na ocasião, o ex-deputado fez um apelo para que Moro tornasse público o seu voto, o que foi ignorado pelo senador”.

O gesto foi visto como traição. “Passados ​​quatro meses, o clima entre os dois não melhorou e novos episódios de tensão se somaram à crise. Em fevereiro, Deltan participou de um debate sobre a direita no Brasil em uma universidade no Paraná. Durante a discussão, um convidado fez uma piada sobre Moro, em que afirmou que considerava o senador ‘frouxo’. O ex-deputado não conseguiu segurar o riso, o que foi repassado para o ex-juiz, gerando desconforto. No início do mês, a mudança de domicílio eleitoral de Rosangela Moro para Curitiba contribuiu ainda mais para o afastamento”.

Pré-candidato à prefeitura pelo Novo, o maníaco Deltan Dallagnol teme a concorrência da “conje” de Sergio Moro no Paraná. Haja oportunismo, ambição e falta de caráter!

Originalmente publicado no Blog do Altamiro Borges
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