Publicado originalmente no perfil do autor
Por Luis Felipe Miguel
Não faz muito tempo, a Folha decidiu oferecer uma coluna semanal a uma pessoa que, confesso, até então eu desconhecia completamente. Apresentada como ultraliberal, adestradora em cursos do Instituto Mises ou coisa semelhante, ela na verdade ocupa o espaço para fazer a defesa de Sérgio Moro e da Lava Jato.
É a má fé de sempre: não há uma palavra sobre as arbitrariedades, já amplamente comprovadas. Ela não as discute, certamente porque não tem como refutá-las. A Lava Jato é o marco impoluto do “combate à corrupção” e Moro é um varão de Plutarco.
Pois na coluna de hoje ela dá uma folga para seu tema único. A coluna é dedicada a… criticar o aborto realizado na criança estuprada.
Engana-se quem – como Celso Rocha de Barros, na mesma edição do jornal – coloca Moro como uma alternativa da “centro-direita”, mesmo já sabendo que o “centro”, na expressão, é uma ilusão causada pela normalização do extremismo.
A faixa que Moro disputa é a do neofascismo. Moro é um Bolsonaro de terno preto – mais contido, menos esperto, igualmente autoritário.