Moro é fiel, mas só a si mesmo. Por Fernando Brito

Atualizado em 13 de dezembro de 2021 às 11:21

Publicado no Tijolaço

Sergio Moro
Sergio Moro.
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Painel da Folha de S.Paulo diz que a pecha de “traidor” seria, para bolsonaristas e para petistas, o rótulo que mais facilmente “cola” no ex-juiz Sergio Moro.

E como “cola” mesmo, não por acaso a nota, que abre a coluna no jornal de hoje, tem o lacônico e expressivo título de “Judas”.

Injustiça com o Iscariotes, penso eu, porque este, em algum tempo, creu em Jesus e, mais por desilusão ou inveja que pelos 30 dinheiros, traiu o Cristo.

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Moro jamais acreditou ou admirou alguém senão a si próprio. E nunca traiu suas próprias ambições; ao contrário, tudo fez por elas.

Todo o tempo cuidou de usar sua posição imperial de juiz para promover-se, para alcançar uma posição, ironicamente, de “Mito”.

Aproximou-se de Jair Bolsonaro certo de que, como ‘homem forte’ do Governo que ajudara a eleger , teria ali o casulo que abrigaria sua metamorfose em, no mínimo, Ministro do Supremo Tribunal Federal, situação em que se consideraria mais bem posto, até, que como Presidente.

Não é possível saber se esta posição lhe foi expressamente prometida mas, ao menos, foi-lhe insinuada fortemente, ao ponto de que o fez atirar fora a toda e atirar-se ao cargo de superministro, condição que só se igualava a de Paulo Guedes.

Não pressentiu que Jair Bolsonaro, um recalcado com sua própria ignorância e um tipo cercado de encrencas familiares – das quais Moro sabia antes de assumir o cargo – precisa estar permanentemente humilhando seus auxiliares, para que recolham-se à sua pequenez e deixem brilhar somente ao chefe.

Moro só deixa o cargo três meses antes de abrir-se a vaga que tanto desejava no STF, com a aposentadoria de Marco Aurelio Mello, quando já tina toda a certeza de que Bolsonaro, valendo-se do seu enfraquecimento com as revelações da Vaza Jato, não o indicaria ao cargo.

E poucos dias antes de Bolsonaro tornar público que nomearia alguém “terrivelmente evangélico” para o cargo, cláusula que Moro não cumpria.

Entre e Moro e Bolsonaro, portanto, o caso é de mútua traição ou, se quiserem, a prova de que já não há honra entre bandidos políticos.

Bolsonaro, porém, apela a ela. Logo ele, que tem uma penca de vitimas de seu poder monocrático e autoritário.

Na GloboNews, Kakay diz que Moro não tinha “capacidade intelectual” para o STF

Em debate da GloboNews neste domingo (12), o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, detonou o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos). 

Do outro lado estavam Carlos Fernando, ex-procurador da Lava Jato, e Renata Gil, presidente da AMB, Associação dos Magistrados Brasileiros.

Kakay afirmou que sempre soube do projeto político de Moro, que agora está na corrida pelo Palácio do Planalto em 2022. O advogado ainda disse que o ex-juiz nunca teve obstinação pelo STF, já que “não tem capacidade intelectual” para isso.

Kakay relembra Moro no governo Bolsonaro

“O Moro tinha um projeto político. Eu sempre disse, há uns cinco, seis anos, que o Moro nunca quis ir para o Supremo. Ele sabe que não tem capacidade intelectual para ser ministro do Supremo. Imagina o Moro sentado no plenário discutindo com o Lewandowski, com o Gilmar Mendes, com o Luís Roberto Barroso. Ele teve interesse político”, disse.

Segundo o advogado, o ex-ministro tem o direito de ser candidato, mas que errou ao fazer política enquanto juiz. Kakay ainda explicou o motivo do presidenciável ter deixado o governo Bolsonaro.

“Ele tem o direito de ser político. Ele tem o direito de ser candidato. O que ele não podia [era fazer política], enquanto juiz, usando o poder judiciário”, disse.

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