Sergio Moro deveria emular Pelé e falar de si na terceira pessoa: “Tem o Moro da Lava Jato e tem o Moro do Bolsonaro, entende?”
O juiz que tagarelava sobre tudo — especialmente Lula e o PT, obviamente —, hoje é um tipo calado, apagado, macambúzio, sorumbático, sensaborão.
Não tem nada a declarar sobre Queiroz, Flávio Bolsonaro, Vale, Brumadinho.
No caso Jean Wyllys, levou dois dias intermináveis para se manifestar sobre o caso gravíssimo para a democracia de um parlamentar que renuncia ao mandato alegando risco à sua vida.
Após anunciar sua decisão, Wyllys foi enxovalhada pelas milícias virtuais bolsonaristas, com a mãozinha dos Bolsonaros Jair e Carlos.
Agora Moro manda soltar uma nota dizendo que lamenta a posição de Jean Wyllys e negando que se omitiu.
De acordo com o comunicado, o ministério da Justiça abriu diversos inquéritos em 2017 e 2018 para investigar ofensas e ameaças contra o deputado.
A pasta “repudia a conduta dos que se servem do anonimato da internet para covardemente ameaçar qualquer pessoa e em especial por preconceitos odiosos”.
“Lamenta-se a decisão do deputado de deixar o país, mas não corresponde à realidade a afirmação de que há omissão das autoridades constituídas”.
Wyllys está na Espanha e avisou que não quer virar mártir.
No Brasil, Moro promete voltar a seu voto de silêncio e só se manifestar se o chefe mandar.