O ex-juiz e atualmente senador Sergio Moro (União-PR) determinou a instalação de escutas no escritório do empresário Tony Garcia às vésperas da assinatura de seu acordo de colaboração e colocou um policial federal como infiltrado no local. A ideia era que o agente da corporação atuasse como um secretário do delator. A informação é do g1.
A estrutura montada por Moro permitia que ele grampeasse autoridades com foro por prerrogativa de função, como o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) em 2005. Garcia afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que foi usado por Moro para levantar informações sobre outros magistrados, como ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Na decisão de Moro, ele explica como seria o andamento das investigações e detalhou a montagem do aparato. A determinação do então juiz previa “instalação de equipamento de escuta ambiental, preferivelmente áudio e vídeo, com capacidade para gravação por períodos longos, em duas salas e em estabelecimentos distintos”.
Ele também decidiu que o policial federal seria, por cerca de seis meses, um “infiltrado como secretário de escritório de prestação de serviços”. O então juiz argumentou que “as medidas visam à investigação de crimes de colarinho branco provavelmente cometidos por agentes políticos e públicos”.
Segundo Garcia, esse aparelho permitiu um grampo do então presidente do TCE por mais de uma hora. O conteúdo das gravações era entregue “em mãos” para Moro e não passava pelo Ministério Público. Os alvos do então juiz tinham foro por prerrogativa de função no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Moro diz que “as suspeitas eram principalmente de tráfico de influência, de terceiros que haviam pedido dinheiro a pretexto de entregá-los a autoridades sem que essas participassem dos ilícitos”. Ele ainda tenta descredibilizar Garcia, dizendo que “Tony Garcia é um criminoso condenado”.