Publicado no Blog do Moisés Mendes
O Jornal Nacional de hoje vai mostrar a Globo transtornada com a trama urdida por Dias Toffoli e Rodrigo Maia para cortar as asas de Sergio Moro.
Toffoli defendeu pela manhã, em sessão do Conselho Nacional de Justiça, que o Congresso Nacional aprove uma lei com quarentena de oito anos para juízes que largam o Judiciário e pretendem participar de eleição.
Como estavam bem combinadinhos, à tarde Rodrigo Maia disse que a ideia é boa e deveria valer já para 2022.
É tudo o que o bolsonarismo quer, mesmo que a ideia talvez não tenha maioria no Congresso.
Mas o susto está dado. Moro queria ser ministro da Justiça de Bolsonaro, conforme combinação feita ainda na campanha.
Já no governo, também conforme o acertado e confirmado publicamente por Bolsonaro, faria a escada para ser ministro do Supremo.
Como foi mandado embora, porque não soube dar conta das demandas do chefe na área da arapongagem, sobrou a chance de ser candidato.
Se for podado pelo Congresso com a aprovação da quarentena, talvez
só possa concorrer a presidente em 2030, dependendo das regras.
Parece que Toffoli e Maia querem tirá-lo da política, porque em 2030 Moro será tão lembrado quanto Joaquim Barbosa. Mesmo que alguns juristas ressaltem um detalhe: a lei não poderia ser retroativa, e Moro poderia escapar.
Sua situação hoje é dramática. Ele se encaminha para ser ex-juiz, ex-ministro da Justiça, ex-candidato a ministro do Supremo e ex-candidato a candidato à presidência da República.
É um cenário ruim, no momento em que Augusto Aras faz tudo o que Bolsonaro espera que faça e intensifica o trabalho de abertura das caixas pretas da Lava-Jato.
É provável, se tudo der errado para ele, que Moro fique apenas com a última opção, que sempre citou em entrevistas, de trabalhar na inciativa privada.
Pode arranjar emprego com os empresários da Fiesp que aplaudiam sua atuação na Lava-Jato como caçador de Lula. Só não pode pagar o mico de ser empregado do véio da Havan.
Mas há outro problema, este para Bolsonaro. Com Moro fora da disputa, a extrema direita pode não ter um competidor forte para atrapalhar, mas terá alguém com mais determinação (e motivos) para atacar Bolsonaro.