Morreu e ninguém saiu na rua para protestar.
Morreu e o advogado de seus algozes foi condecorado pelo governo Bolsonaro.
A pergunta retórica “até quando?” fica eternamente sem resposta porque a resposta é “para sempre”.
Depois de onze dias lutando pela vida no Hospital Carlos Chagas, no Rio de Janeiro, o catador Luciano Macedo, de 28 anos, morreu.
Luciano foi alvejado no caso do fuzilamento, pelo Exército, do carro onde estava o músico Evaldo Rosa.
Oitenta tiros. O número virou um emblema da impunidade, da tragédia nacional.
Luciano foi ferido ao tentar ajudar Evaldo e a família.
Estavam a caminho de um chá de bebê quando soldados dispararam contra o veículo onde estavam o filho de 7 anos, a mulher, uma amiga e o sogro, que também foi ferido.
O catador passou por uma traqueostomia e cirurgia no pulmão na tarde de quarta-feira, mas não resistiu.
A Justiça determinou duas vezes a transferência do catador para outro hospital, mas nenhuma foi cumprida. Repito: NENHUMA FOI CUMPRIDA.
Segundo Bolsonaro, o Exército não matou ninguém.
Segundo Sergio Moro, “lamentavelmente, pode acontecer”.
“Ele é trabalhador! Não o mate”, gritou a mulher de Luciano, Daiane Horrara, no dia em que o alvejaram.
A dor de Diane deveria ser nossa, a revolta deveria ser nossa, mas o Brasil virou uma nação de canalhas e canalhas sentem empatia com canalhas.