Morte misteriosa de líder indígena do Pará gera cobrança por investigações

Atualizado em 2 de novembro de 2023 às 21:10
Tymbektodem Arara de roupa de frio cinza, olhando pra trás com expressão séria
Tymbektodem Arara em participação no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra – Reprodução

Após a trágica morte do líder indígena Tymbektodem Arara, a Associação Indígena do Povo Arara da Cachoeira Seca – KOWIT, juntamente com o Instituto Maíra e a Conectas Direitos Humanos, reforça a urgência, nesta quinta-feira (2), de que a Polícia Federal no Pará conduza uma investigação abrangente sobre o caso.

Tymbektodem Arara perdeu a vida em circunstâncias misteriosas, supostamente afogando-se no rio Iriri, dentro da Terra Indígena Arara da Cachoeira Seca, localizada a 250 km de Altamira (PA), na semana passada. No entanto, várias versões contraditórias dos eventos emergiram, tornando imperativa uma investigação de alta qualidade para esclarecer os fatos.

As entidades destacam várias lacunas que persistem desde o início deste caso delicado. Isso inclui a ausência de agentes federais no local logo após a morte, a condução de entrevistas com membros da comunidade indígena sem a devida liderança e a falta de apoio contínuo da Funai após o acontecimento.

Tymbektodem Arara, além de ser um líder indígena, era um estudioso da língua Arara. Em setembro, ele viajou para Genebra, Suíça, com o objetivo de denunciar as invasões e o desmatamento ilegal em seu território indígena durante uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Durante sua participação, ele destacou os impactos da instalação da hidrelétrica de Belo Monte, que resultou na invasão de mais de dois mil não-indígenas em seu território, tornando-o um dos mais desmatados do Brasil.

Tymbektodem Arara com expressão séria, rodeado de pessoas
Tymbektodem Arara foi encontrado morto em rio – Reprodução

Após retornar de sua missão internacional, Tymbektodem foi escoltado pela Força Nacional desde o momento de seu desembarque no Pará até a chegada em sua aldeia.

O Povo Arara da Cachoeira Seca há muito tempo enfrenta conflitos intensos envolvendo ruralistas, fazendeiros e grileiros. Embora a Terra Indígena tenha sido oficialmente homologada em abril de 2016, o governo ainda não conseguiu realocar as famílias não-indígenas que vivem em seu território. Isso cria ameaças e conflitos que afetam a cultura e os costumes dos indígenas, bem como a preservação do território de 734 mil hectares.

As organizações também fazem um apelo às autoridades para que ofereçam proteção às lideranças indígenas restantes no território e avancem no processo de desintrusão da Terra Indígena, a fim de garantir a segurança integral do povo originário. Além disso, solicitam a presença contínua de agentes da Funai e das forças de segurança pública na área.

*Com informações do Conectas

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