Assassinato no aeroporto: executores eram treinados e tinham informações; arma é encontrada

Atualizado em 9 de novembro de 2024 às 21:34
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, executado no aeroporto de Guarulhos. Reprodução

A investigação conduzida pelo DHPP (Divisão de Homicídios da Polícia Civil) sobre o assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, ocorrido na tarde de sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, já começa com algumas constatações: o grupo envolvido no crime possuía treinamento avançado e tinha acesso a informações confidenciais.

Policiais entrevistados pela Folha e que participam da investigação indicaram que havia muitos interessados na morte de Gritzbach, de modo que o crime não foi inesperado. Ele era suspeito de ordenar a morte de dois membros da facção PCC e também havia fechado um acordo de delação premiada com a Justiça.

O que surpreendeu os investigadores foi o local do ataque.

Para os investigadores, a escolha do aeroporto como cenário do crime é notável, pois é uma área com forte presença de forças de segurança – incluindo policiais civis, federais, militares e guardas municipais – além de ser monitorada por diversas câmeras nos acessos e no terminal.

Os policiais acreditam que os criminosos tinham conhecimento prévio sobre a movimentação de Gritzbach no terminal 2, embora ainda não saibam quem lhes forneceu tais informações. O ataque, portanto, não foi um ato de oportunidade ou realizado por amadores.

Com base nas imagens coletadas, os investigadores confirmam que os atiradores tinham treinamento operacional, familiaridade com o uso do fuzil 7.62 – uma arma comumente usada por atiradores de elite e equipes especializadas de assalto.

A maneira como o grupo avançou contra a vítima também reforça a tese de treinamento. Eles se aproximaram com o propósito de eliminar Gritzbach e usaram a configuração de rajada da arma, com o intuito de intimidar qualquer possível resistência.

Como exemplo disso, um guarda municipal próximo não conseguiu reagir ao ataque, o que, segundo a polícia, foi uma atitude prudente, pois ele poderia ter sido morto se tentasse impedir o grupo.

Outro ponto que levanta suspeitas é a falha na escolta de segurança da vítima. Dos quatro policiais que deveriam estar ao lado de Gritzbach, apenas um estava próximo, enquanto outro estava mais distante, e nenhum deles reagiu ao ataque.

Dois dos policiais responsáveis pela escolta relataram que o carro utilizado pela equipe apresentou problemas mecânicos, o que teria dificultado sua chegada ao local. Eles foram interrogados pelo DHPP e tiveram seus celulares apreendidos para apuração.

Policiais envolvidos na investigação acreditam que, se a escolta tivesse funcionado como previsto, Gritzbach poderia ter sobrevivido ou o confronto teria deixado mais vítimas, pois os policiais da escolta eram membros de unidades da Força Tática, treinados para operações de alto risco.

A Folha não divulgou os nomes dos policiais envolvidos, pois não há provas de que participaram no crime, apenas circunstâncias ainda em investigação. A PM transferiu os policiais para atividades administrativas.

Os investigadores também informaram que, embora haja muitos possíveis interessados no assassinato de Gritzbach, já foi elaborada uma lista de suspeitos principais, com expectativa de prisões nos próximos dias.

A equipe do DHPP aguarda os relatórios periciais, incluindo os que analisam o veículo abandonado pelos criminosos na fuga, em busca de digitais ou fragmentos de DNA. Acredita-se que pelo menos cinco criminosos participaram da ação.

A resolução desse caso é tratada como prioridade pela Polícia Civil, atendendo inclusive a uma solicitação direta do governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que declarou isso em entrevista.

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