Num momento de crise do governo Bolsonaro, em que cresce a mortalidade da pandemia e em que o chefe é apanhado em convescote ministerial a deblaterar contra ceus e terras, o general Mourão escreve artigo – com doutas citações de almanaque – para dizer: “Não apito nada. Tenho chefe, estou com ele e não contem comigo”.
Mourão entra no meio do palco, chama as luzes para si e grita alto, para que o último espectador da última fileira possa ouvir, que não passa de figurante na peça.
Depois de atacar a mídia, os governadores, seis ex-chanceleres e de se colocar como varão de Plutarco da balbúrdia oficial, será difícil levá-lo a sério a partir daqui. Seja como alternativa de poder, seja como interlocutor qualificado.
TUDO O MAIS é fumaça levantada por um medíocre de peito estrelado sem o menor discernimento do rumo das coisas. É o mesmo que rosnou um golpe há cinco anos, é o mesmo que declarou amor eterno a Brilhante Ustra em entrevista à Globo News em 2018, é o mesmo que está contente com seus proventos legalizados acima do teto constitucional. Tudo tão verdadeiro quanto seus cabelos luminosamente negros.
O perigo do bolsonarismo não está no que faz, mas no que não faz. Está na omissão diante da hecatombe sanitária, em deixar o desespero social se aguçar e o aparato miliciano crescer e se firmar na base da sociedade. Aqui mora o perigo real. São bandos armados dispostos a tudo, caso a situação saia do controle. A Bolsonaro interessa o caos e a anomia, para se colocar como o garantidor da ordem, por qualquer via.
Mourão seguirá no palco, repetindo: “Sabe com quem está falando? Com o figurante principal dessa mazorca!”