O senador Hamilton Mourão (Republicanos) disse que terá uma reunião com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, para pedir que sejam acelerados os processos contra os presos por participação nos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro, que resultaram na depredação dos prédios dos Três Poderes. As declarações foram feitas ao UOL Entrevista, nesta sexta-feira (24).
Mourão afirmou estar “preocupado” e disse que é preciso “separar o joio do trigo”, porque, de acordo com ele, muitos dos que estão detidos não teriam depredado o patrimônio público.
“Consideramos que tem muita gente que está ali que cometeu, vamos dizer assim, não é nem crime, cometeu ilegalidade, por exemplo, participou da marcha, entrou no Palácio [do Planalto], mas não quebrou nada”, declarou.
“Vamos pedir para agilizar os processos dessas pessoas, separar o joio do trigo, e essas pessoas que paguem multa, cestas básicas, paguem serviços comunitários, para pessoas que invadiram o patrimônio público, mas não quebraram”, acrescentou.
O senador afirmou ainda que a participação em um ato inconstitucional não “se configura crime”, e comparou a situação como a de uma pessoa que pula o muro de um clube porque não tem carteirinha. “O fato de está presente não configura crime, mas uma ilegalidade, igual pular o clube sem carteirinha”, disse.
Mourão também destacou que, caso o Exército tivesse permitido a entrada da Polícia Militar no acampamento golpista na noite de 8 de janeiro, teria ocorrido um “banho de sangue”.
Após os atos terroristas praticadas por bolsonaristas em Brasília, a Polícia Militar do Distrito Federal tentou dar fim ao acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército na capital, mas os soldados do Exército fizeram uma barreira para impedir a ação dos policiais. Os golpistas foram retirados na segunda (9/1).
“Em relação a impedir a entrada naquela noite, em 8 de janeiro, seria um banho de sangue, por uma razão muito simples: As forças da segurança pública estavam com os olhos injetados. Por quê? Porque durante a arruaça que aconteceu, houveram (sic) agressões a policiais militares, então a turma queria revidar”, afirmou Mourão.
Na entrevista, o ex-vice-presidente ainda revelou que não mantém mais contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que a última vez que se comunicaram foi no final de 2022, por mensagens no WhatsApp.
“Não falamos mais. Último contato foi quando ele estava indo para o aeroporto, me mandou uma mensagem por WhatsApp, me pedindo para assinar uns decretos. Depois fui execrado, mas assinei dentro da lealdade que caracteriza o cargo”, declarou.
Para o senador, é “possível” que Bolsonaro seja preso por possíveis crimes que tenha cometido durante o seu governo, mas ressaltou que isso seja “pouco provável” de acontecer.
Veja o entrevista: