Movimentos sociais cobram mais diálogo de Lula durante encontro em São Paulo

Atualizado em 19 de julho de 2024 às 21:41
Lula. Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um encontro com líderes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, em São Paulo. Esta foi a primeira reunião com os grupos desde que Lula assumiu seu terceiro mandato há mais de um ano e meio.

O encontro, que ocorreu a portas fechadas e durou quase três horas, contou com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), além da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).

Entre os representantes dos movimentos sociais estavam os líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile e João Paulo Rodrigues.

Rodrigues destacou que os grupos solicitaram mais duas reuniões com o presidente ainda neste ano e a possibilidade de promover encontros temáticos diretamente com os ministros. Segundo ele, Lula explicou as dificuldades enfrentadas pelo governo, mas se mostrou “super otimista” e “bem-humorado”.

“Esse conjunto de organizações participou muito ativamente na luta em defesa da presidente Dilma, no “Fora Temer”, no “Fora Bolsonaro”, no “Lula Livre”, e claro, em todo o processo das eleições. Mais do que justo em um momento como esse a gente se encontrar com o presidente. É verdade que demorou um pouco para esse encontro. Por motivos de agenda, não foi possível”, declarou Rodrigues.

O ministro Márcio Macêdo informou que a reunião serviu para discutir o cenário político atual, mas o contingenciamento de R$ 15 bilhões anunciado pela equipe econômica não foi abordado. Macêdo afirmou que Lula se comprometeu a manter a austeridade fiscal sem abrir mão dos investimentos em políticas públicas.

“O presidente informou aos movimentos que no governo dele terá austeridade fiscal, responsabilidade com os gastos, controle da inflação e investimento em programas sociais e nas políticas públicas. Não tem nenhuma contradição entre controle da economia, controle da inflação e os investimentos nas políticas públicas”, afirmou Macêdo.

Lula em São Paulo nesta sexta-feira no Armazém do Campo, em SP. Foto: Divulgação

Pela manhã, Lula visitou São José dos Campos, no interior paulista, onde anunciou investimentos para reformas na Via Dutra e na Rio-Santos. Durante o evento, o presidente criticou a ausência do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e reiterou que o governador é convidado a todas as suas visitas a São Paulo.

“Ele é convidado em todas as vezes que eu venho a São Paulo. Eu o convido. Ele tem a liberdade de ir ou não ir. Eu espero que ele um dia decida começar a mostrar para o povo que a gente pode ser adversário, que a gente pode ter disputado eleições, mas, quando terminam as eleições, nós temos que governar. E temos que governar junto com todo mundo”, afirmou Lula.

O presidente também comentou sobre sua relação com a Venezuela, cujas tensões recentes foram destacadas após declarações do presidente Nicolás Maduro. Lula enfatizou que o Brasil não busca conflitos e que sua preocupação é com a relação de Estado para Estado, focando nos interesses do Brasil.

“Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer com Nicarágua? Por que eu vou querer com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem. O que me interessa é a relação de Estado para Estado, o que o Brasil ganha e o que o Brasil perde nesta relação”, concluiu Lula.

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