O Ministério Público Federal do Paraná encaminhou à Procuradoria-Geral da República duas investigações relacionadas ao ex-deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol, que liderou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. A divulgação dessa informação foi feita pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo GLOBO.
Uma das investigações visa apurar possíveis irregularidades na criação de uma fundação pela força-tarefa para gerenciar recursos provenientes de acordos de leniência e delação premiada. A outra está relacionada a pagamentos de diárias aos procuradores do grupo.
Deltan, que foi eleito deputado federal em 2022, teve seu mandato cassado em junho, perdendo assim o foro por prerrogativa de função.
O Ministério Público Federal do Paraná justifica que os casos não envolvem apenas Deltan, mas também outros procuradores, e declina à Procuradoria-Geral da República a atribuição para apurar os fatos.
O procurador Jorge Mauricio Porto Klanovicz, no documento que encaminha os casos à PGR, menciona a suposta tentativa de desvio de cerca de 2,5 bilhões de reais por meio da criação de um fundo privado e a autorização irregular de pagamento de diárias e passagens à Força-Tarefa Lava Jato.
Em nota à Folha, o ex-procurador argumenta que o pedido de investigação reflete o desejo de retaliação por parte daqueles que tiveram seus políticos de estimação atingidos pela Lava Jato e que alguns de seus integrantes participaram do governo Lula em busca de vingança.
As investigações foram iniciadas a pedido do Prerrogativas, um grupo de advogados críticos à Lava-Jato. O advogado Fernando Hideo, integrante do grupo, destaca que a investigação criminal sobre os supostos malfeitos de Deltan Dallagnol é crucial para esclarecer os abusos cometidos durante a Operação Lava Jato.