O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi denunciado por supostos crimes de ameaça e incitação. No entanto, a procuradora da República Carolina Brighenti, da Procuradoria da República em SP, solicitou o arquivamento do pedido de investigação. A informação é do jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo.
O deputado federal Otoni de Paul, bolsonarista, foi quem fez a acusação contra o líder das pesquisas. O parlamentar declarou que o ex-presidente “convocou sindicalistas para mapear os endereços de políticos em todo o país com a finalidade de pressioná-los e tirar sua tranquilidade”.
De acordo com o Ministério Público Federal, o discurso de Lula estava dentro de um “contexto de uma opinião política”, o que faz parte do “Estado Democrático de Direito”. Na avaliação do órgão, os políticos estão “mais expostos a cobranças e críticas em relação aos atos exercidos em seu mandato”.
Na argumentação de Otoni, ele disse que é ser “ingênuo supor que sitiar a residência de um parlamentar com uma comitiva ideologizada, formada por dezenas de militantes imbuída de reverter o quadro político a favor do candidato Lula, não seja potencialmente perigosa”.
No entanto, nada disso convenceu a procuradora. Agora a decisão final será da 10ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Lula e o “mapear” deputados
No mês passado, em discurso no lançamento da Plataforma da CUT para as Eleições 2022, na sede central da Central Única dos Trabalhadores, em São Paulo, Lula falou da importância da participação política da sociedade. Por isso ele pediu que as pessoas cobrassem os deputados e senadores para que votassem a favor de projetos positivos para a população brasileira.
“O deputado tem casa. […] Então se a gente, ao invés de tentar alugar um ônibus, gastar uma fortuna, para vir para Brasília, que às vezes não resulta em nada, se a gente pegasse, mapeasse o endereço de cada deputado e fosse [sic] 50 pessoas para a casa desse deputado. Não é para xingar não, é para conversar com ele, conversar com a mulher dele, conversar com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Eu acho que surte muito mais efeito do que a gente vir fazer manifestação em Brasília”, opinou o ex-presidente.